Bruce Chatwin é um dos mais notáveis escritores britânicos dos nossos tempos, quer no romance, quer na literatura de viagem. Os seus livros tornaram-se clássicos contemporâneos e desafiam qualquer tipo de categorização: assimilam elementos de ficção, de ensaio, de reportagem, de história, de mexerico, e são inspirados nas suas incríveis viagens, transpondo-as para uma prosa magnífica.
Tragicamente, a sua voz narrativa foi interrompida no momento em que a encontrou. Um mês antes da sua morte, Chatwin lamentava-se: «Há tantas coisas que quero fazer.» «Bruce tinha acabado de começar» - diria o seu amigo Salman Rushdie – «Só vimos o primeiro acto.»
Chatwin deixou também um conjunto de escritos de uma frescura avassaladora, que nos permite regressar ao seu universo: um legado de cartas, telegramas e bilhetes-postais que escreveu à família e aos amigos ao longo da sua curta mas intensa vida. As cartas incluídas nesta edição foram escolhidas e editadas pela viúva do escritor, Elizabeth Chatwin, e pelo seu biógrafo, Nicholas Shakespeare.
Debaixo do Sol revela mais de si do que ele quis mostrar nos seus livros: o seu património; as suas finanças; as suas ambições e preferências literárias; os seus gostos; o desassossego quanto à sua orientação sexual; a procura constante do lugar certo para viver – uma súmula vívida da variedade dos seus interesses e preocupações, um registo altamente revelador de um dos maiores e mais enigmáticos escritores do século XX.
Bruce Chatwin nasceu em Sheffield, no Reino Unido, em 1940. Entre 1972 e 1975 trabalhou para o Sunday Times, antes de anunciar a sua rescisão por telegrama, em que se lia: «Fui para a Patagónia». Esta viagem inspirou o seu primeiro livro, Na Patagónia, galardoado por prémios como o E.M. Forster e o Hawthornden Prize, e que marcou o início da sua carreira literária. Mais tarde, Canto Nómada ocupou o primeiro lugar da lista de best-sellers do Sunday Times.
A obra de Chatwin não se restringe, contudo, à literatura de viagem. Dois dos seus romances, por exemplo, foram adaptados ao cinema: Os Gémeos de Black Hill (On the Black Hill) e O Vice-Rei de Ajudá (com o filme Cobra Verde de Werner Herzog). Utz, que a Quetzal reeditou já este ano, foi finalista do Prémio Booker de 1988.
Bruce Chatwin morreu em janeiro de 1989.
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