Desde que viu o estranho a tomar banho no lago que via como o seu refúgio secreto, Kate não conseguiu deixar de pensar nele. Não queria mais que observá-lo, em silêncio, enquanto ele ali estivesse... mas, uma noite, o estranho nota a sua presença. Então, a atracção torna-se mais forte que os pensamentos racionais de ambos e, mesmo sabendo de todas as razões para se afastarem, acabam por se descobrir nos braços um do outro. O problema é que ambos têm um conhecimento comum... As histórias que o irmão de Kate lhe contou sobre o seu casamento com a irmã do duque de Calton são, afinal, uma mentira bem construída e o estranho que ela julga ter vindo de algures no Olimpo é precisamente o próprio duque, vindo em busca da sua devida vingança. Mas que lado poderá Kate escolher quando souber a verdade sobre o irmão?
Com um início algo caricato, mas divertido e que desde logo cria uma certa empatia para com os protagonistas, esta é uma história que cativa desde as primeiras páginas. A atracção e o romance são um elemento fulcral da narrativa, mas são desenvolvidos de forma equilibrada, sendo complementadas com uma boa medida de acção e intriga, o que proporciona momentos intensos, não só a nível da relação entre o casal protagonista, mas também e principalmente na busca de Garrett pela sua vingança. As acções de William Fisk e as suas razões para o ódio ao duque de Calton, já abordadas ao longo do volume anterior, revelam-se agora em toda a sua complexidade, e a forma como Garrett e Kate se vêem envolvidos nas manipulações de William estão na base de uma história intensa e marcada por momentos de grande tensão.
Poder-se-ia dividir a história deste livro em duas fases, ambas marcantes por diferentes razões. A primeira diz respeito ao conflito entre Fisk e Garrett e à forma como as pessoas que este ama se vêem envolvidas nos sinistros planos do antigo soldado. O antagonismo entre os dois homens fora já posto em evidência no livro anterior, mas a aproximação de um confronto inevitável cria intensidade no enredo, ao mesmo tempo que confere algo de desespero ao desenrolar da relação entre Garrett e Kate. Há, também, várias surpresas ao longo deste percurso, já que os planos dos dois homens revelam muito sobre as suas naturezas e o que estão dispostos a fazer. De William, a verdadeira dimensão da sua loucura. De Garrett, o lado mais nobre de um ser marcado pelas intrigas de Fisk.
Mas a história não termina com a resolução deste conflito e é a partir daí que se inicia a tal possível segunda fase, dividida entre as possibilidades (e barreiras) para a relação de Kate com Garrett e o surgir de um elo inesperado para a intriga de Fisk. Aqui, os elementos que sobressaem são a incerteza das emoções, a necessidade de fazer a escolha certa quando nenhuma das alternativas parece sê-lo e a necessidade de provar suspeitas que mudem radicalmente todas as escolhas disponíveis. Nesta fase, a acção torna-se menos intensa, mas adensa-se o mistério, mantendo-se assim a mesma envolvência que culminará num final marcante.
Trata-se, portanto, de uma história que conjuga romance e sensualidade com uma boa história de intriga e vingança. E é precisamente esta conjugação que equilibra, nas medidas certas, os momentos de tensão e os de ternura, os amores e os ódios, a vingança e a redenção, num enredo que é bastante mais que o crescimento da relação entre um casal. O resultado é um enredo cativante, com os momentos descontraídos a contrastar com as situações de maior tensão e intensidade emocional. Viciante e surpreendente... Muito bom.
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