O casamento de Julianne Sutton com o marquês de Longhaven fora acordado pelos pais de ambos muitos anos antes. Mas a morte inesperada do seu noivo e alguma pressão por parte dos pais de Longhaven fazem com o que Julianne se veja ligada a Michael Hepburn, o mais novo dos filhos dos duques de Southbrook e, agora, marquês de Longhaven. O problema é que as personalidades de ambos dificilmente poderiam ser mais diferentes. Onde Harry era jovial e sociável, num complemento bastante interessante à inocência protegida de Julianne, Michael é um homem reservado, misterioso e com uma vida cheia de segredos. Como se não bastasse, o seu passado tem ligações que permanecem nas suas ocupações... e há alguém definitivamente decidido a causar a sua morte. Como lidará Julianne com um casamento que é mais uma obrigação que uma união de afectos, principalmente quando ela própria tem um segredo a esconder?
Sendo esta uma história em que grande parte do protagonismo é dado ao crescimento da relação entre os protagonistas, não é surpreendente que um dos principais pontos fortes deste livro esteja na caracterização das personagens. O temperamento fechado de Michael, associado às marcas do passado e a uma ocupação que lhe exige que se mantenha frio e alerta, cria, desde logo, um interessante contraste com a ingenuidade de Julianne, nervosa ante as mudanças que o casamento trará, mas disposta a tirar dessa união o melhor possível e escondendo na sua natureza quase tímida um tipo muito particular de coragem. Esta diferença de naturezas, aliadas às circunstâncias que os unem, em primeiro lugar, faz com que a relação entre ambos cresça de forma gradual, com uma boa medida de atracção a ganhar destaque na fase inicial, mas crescendo, aos poucos, para algo mais vasto, à medida que os segredos são revelados e os afectos surgem com o conhecimento. Além disso, e ainda que, considerando as opções ocupacionais de Michael, talvez fosse de esperar um pouco mais de acção e de desenvolvimento dos acontecimentos do passado, as marcas desses acontecimentos são visíveis, e a informação apresentada é mais que suficiente para evocar uma certa compreensão.
Mas a história não vive só dos protagonistas. Há uma história secundária a decorrer, intimamente ligada à de Michael e que surpreende tanto pelo temperamento das duas personagens no seu centro como pela interessante revelação final. Nesta história, é a natureza fogosa de Antonia, com a necessidade desta de se libertar um pouco de passado, que dita os rumos da relação, e o resultado é uma série de acontecimentos de presença discreta, mas com momentos particularmente bem conseguidos.
A história evolui a um ritmo relativamente pausado, mas sem nunca perder a envolvência e com alguns momentos divertidos, protagonizados principalmente por algumas figuras já conhecidas de livros anteriores. O resultado é uma leitura cativante, com alguns momentos particularmente intensos e um conjunto de personagens com muito de interessante.
Envolvente, com algumas boas surpresas e, principalmente, com um duo de protagonistas que contrastam e se complementam nas medidas certas, Pecados Escondidos apresenta uma história em que o romance é o elemento principal, mas que surpreende também pelos aspectos que complementam essa faceta da narrativa. Leve e cativante, trata-se, portanto, de uma boa leitura.
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