Amores. Eternos, proibidos, impossíveis ou qualquer outra das suas inúmeras variantes são temas de base para muitas e boas histórias. São também, ainda que de perspectivas diferentes, o centro dos dois contos que constituem este pequeno livro. E tudo é diferente, desde a forma como o amor é vivido à forma como essa vivência é escrita. Tudo, menos talvez o facto de nenhum dos dois falar do clássico amor intenso e arrebatado.
Uma História de Amor, de Miguel de Unamuno, apresenta um casal de noivos que, mesmo não se amando, persistem em continuar ligados um ao outro, na busca de algo que os separe, mas que não seja admissão de falta de amor. Trata-se de um conto de ritmo pausado, com uma escrita elaborada, mas cativante, e que, além de ser uma história de amor (ou falta de), é também uma reflexão sobre as convenções e o egoísmo do homem. Introspectivo e profundamente triste, perde-se, por vezes, em divagações, mas sem deixar de ser cativante e culminando num final muito forte.
A outra Mulher, de Sherwood Anderson, conta a história de um homem que, poucos dias antes de casar, decide viver uma aventura com outra mulher. Bem escrito e interessante quanto baste, este conto perde um pouco pelo ritmo demasiado pausado e, principalmente, pela distância com que o protagonista se refere aos seus sentimentos. A impressão que acaba por ficar é a de uma história bem escrita, mas não muito memorável.
São, portanto, dois contos bastante diferentes. Ambos com os seus pontos de interesse e ambos muito bem escritos, deixam, contudo, impressões bem distintas. O conjunto acaba por parecer um pouco desequilibrado, sem deixar, ainda assim, de ser uma leitura agradável. Gostei, portanto.
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