segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Departamento 19 (Will Hill)

A vida de Jamie Carpenter desmoronou com a morte do pai, não apenas devido à perda, mas também à dor acrescida de viver com o estigma de ser filho de um traidor. Mas tudo muda no momento em que se cruza com Larissa pela primeira vez e sobrevive - não por iniciativa sua - à ordem de que a jovem vampira foi incumbida. Esse é também o dia em que a mãe de Jamie é levada da casa onde vivem e o dia em que se cruza com o seu eterno inimigo e com o melhor protector. Salvo por Frankestein, Jamie descobre a existência de um mundo sobrenatural e de uma força devotada ao combate dos vampiros. Uma força que é a sua melhor hipótese de conseguir salvar a mãe, mas no seio da qual é também olhado como o filho do traidor.
Envolvente desde as primeiras páginas e com um bom ritmo de acção ao longo de todo o enredo, este é um livro com muitos pontos fortes. Mas há, desde logo, um que sobressai de entre todos eles, e que representa também uma evolução notável no decorrer da narrativa. Trata-se, claro, da caracterização das personagens. Enquanto protagonista, Jamie é uma personagem que facilmente desperta empatia, quer pela situação da perda do pai, quer pelas circunstâncias em que se encontra a partir do momento em que o sobrenatural entra na sua vida. É, também, uma figura carismática, com forças inesperadas e vulnerabilidades tocantes, o que torna fácil descobrir pontos de identificação. 
Mas este carisma não se resume ao protagonista. Na verdade, uma das personagens mais carismáticas do livro - Julian Carpenter - tem uma presença efectiva muito discreta, ainda que a sua sombra esteja sempre presente. Mas há mais. Frankestein, na ligação que os une aos Carpenter e na força das convicções que alimenta surge também como uma personagem intensamente humana, o que não deixa de ser, por si só, uma surpresa. E Larissa, com as suas aparentes contradições e a forma como se liga a Jamie, cativa pela inocência que sugere entre a maldade.
Da caracterização individual das personagens, surge também um todo maior, que é o desenvolvimento de todo o sistema do Departamento 19, com uma origem sólida e muito interessante, da qual sobressaem as ligações com a história de Drácula, muito interessante ponto de partida para um sistema bem desenvolvido, com muitos pontos de interesse e as inevitáveis vulnerabilidades que humanizam as suas figuras centrais.
Ainda um outro ponto forte a realçar é o equilíbrio entre acção e emoção. Há sempre alguma coisa a acontecer ou algo que é imperioso fazer, o que confere intensidade ao ritmo da narrativa, mesmo quando não é difícil adivinhar o que virá a seguir. Mas, além disso, há também uma emotividade, gerada quer pela empatia despertada pelas personagens, quer pela intensidade das circunstâncias, que confere aos acontecimentos um maior impacto. Essa emoção, contrabalançada por um muito agradável toque de humor, contribui em muito para o impacto final da história.
Intenso e cativante, com personagens fortes, um sistema muito bem desenvolvido e um muito bom equilíbrio entre acção e emoção, Departamento 19 inicia da melhor forma uma aventura que promete ainda muito de interessante para descobrir. Muito bom.

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