Alcançada finalmente alguma normalidade no regresso à Terra, colonos e terrestres pacíficos começam finalmente a coexistir em harmonia. Mas, no momento em que dão início a uma festa, a paz é interrompida pela chegada de um estranho grupo. Vestem de branco e não vêm em paz. Em menos de nada, desencadeiam o caos no acampamento, matam vários elementos e levam consigo outros para parte incerta. Entre eles, Wells, Octavia e Glass. Aos que ficam para trás, resta avaliar os estragos e recomeçar, mas não podem deixar os amigos nas mãos daqueles estranhos. Por isso, Clarke e Bellamy integram um grupo de resgate que deverá seguir o rasto dos atacantes. Mas todas as vantagens parecem estar nas mãos dos inimigos, já que, mesmo no seio do grupo de resgate, a confiança não parece abundar... e a decisão certa não é propriamente fácil de discernir.
Regresso a um mundo de conflitos intensos e de relações difíceis, cedo se torna evidente que este quarto volume da série é um livro em tudo semelhante aos anteriores. Mantém-se a intensidade do registo, ditada tanto pela escrita directa e sem grandes elaborações como pelo ritmo de acção constante que define a evolução do enredo. Mantém-se também a oscilação entre os pontos de vista de várias personagens, o que permite conhecer-lhes os pensamentos dúvidas e vulnerabilidades. E, acima de tudo, mantém-se uma identidade bastante clara das personagens e daquilo que os move.
O que muda? Bem, os perigos são diferentes, as circunstâncias são diferentes (ainda que igualmente difíceis) e a forma com as personagens evoluem abre espaço também a novas interacções. Mas há, acima de tudo, um crescimento da parte de algumas das personagens, que compensa a trajectória circular que outras parecem percorrer. E é verdade que isto desperta sentimentos ambíguos, pois, se há no reafirmar de algumas relações algo de especialmente marcante, também é um pouco frustrante ver algumas das personagens cometer exactamente os mesmos erros do início. Ainda assim, há, de facto, alguma evolução nas personagens e, ainda que a caracterização seja feita ao ritmo dos desenvolvimentos, é possível reconhecer o quanto Wells, Bellamy, Clarke e Glass cresceram desde a sua chegada a Terra. E isso, claro, torna todo o seu percurso muito mais interessante.
Mas, claro, o cerne do livro é a acção. E acção é coisa que não falta nesta história. Desde os primeiros capítulos e mesmo até ao fim, há sempre alguma coisa de empolgante a acontecer, seja um perigo a enfrentar, algo a que resistir, um plano que é preciso conceber ou um obstáculo que é preciso superar. É certo que nem todos eles são inesperados, mas há em cada momento uma estranha intensidade que mantém sempre viva a vontade de saber o que acontece a seguir. E o que acontece pode nem sempre ser uma surpresa, mas nunca deixa de despertar emoções fortes.
Trata-se, portanto, de mais um livro à imagem e semelhança dos anteriores. Isto é, intenso e viciante, cheio de acção e de momentos de perigo, e com as medidas certas de emoção e de mistério. Mais uma boa história, em suma, para um conjunto de personagens que já se tornaram familiares.
Título: Os 100 - Revolta
Autora: Kass Morgan
Origem: Recebido para crítica
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