sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Um Capuccino Vermelho (Joel G. Gomes)

Escritor emergente e assassino profissional, Ricardo sempre teve o cuidado de garantir que as suas duas vidas se mantinham bem distintas. Mas, no momento em que a sua nova lista de alvos lhe chega as mãos, tudo indica que essa sua postura está prestes a ser abalada. As suas cinco vítimas têm óbvios pontos em comum, entre si e também com o próprio Ricardo. Claro que isso não é razão suficiente para o deter, até porque não é o dinheiro que move a dedicação de Ricardo à sua actividade. Mas, no momento em que a sua realidade se começa a confundir com a ficção de uma outra mente criativa, a situação assume contornos inesperados. Afinal de contas, a distância não é assim tanta entre a história de um escritor e a história que um outro tem para contar.
Com uma muito agradável aura de mistério e um percurso de revelações que vai surgindo de forma gradual, mas sempre envolvente, este livro tem como grande ponto forte a forma como molda as barreiras entre a realidade e a ficção. O percurso de Ricardo e a história do seu livro - e, por outro lado, o percurso e a história de João - começa por evocar um ambiente de policial, para depois dar lugar a algo de diferente. E, se é certo que a ideia de uma ficção que se torna real não é propriamente algo de novo, também o é que esta história tem uma voz suficientemente definida para se valer a si mesma. Há semelhanças facilmente reconhecíveis com outras histórias do género, mas há também um percurso individual que a diferencia.
Em termos de escrita, sobressai o registo bastante directo e centrado nos diálogos e a forma como contrasta com os ocasionais momentos de introspecção das personagens. Não há grandes descrições e há, inclusive, momentos que talvez pudessem ter sido mais desenvolvidos, mas o ritmo do enredo nunca deixa de ser cativante, o que, associado às muitas possibilidades que a história apresenta, mantém sempre viva a vontade de saber um pouco mais.
Fica, nalguns aspectos, a impressão de alguns pontos que poderiam ter sido um pouco mais elaborados, nomeadamente no que diz respeito às situações com a polícia (em que alguns dos intervenientes nunca se chegam a definir como personalidades individuais), mas, principalmente, relativamente aos crimes. A descrição bastante sucinta desses momentos acaba por funcionar bem no reforço da dúvida entre o que é real e o que é fruto da imaginação das personagens, mas parte do impacto emocional do momento acaba por se perder.
Considerando tudo isto, o que fica deste livro é uma boa história, com personagens cativantes e um enredo bastante interessante. Uma boa leitura, em suma.

2 comentários:

  1. Olá!
    Este parece ser um livro bastante interessante, mas não foi bem isso que vim dizer...
    Pelo que eu já procurei, nunca falaste no blog sobre os livros da Cúpula de Stephen King, por tanto, vim recomendar-tos.
    Ainda só li o primeiro e é um livro maravilhoso, porque nos prende bastante à história e tudo mais, mas acho que se os leres vais gostar bastante.
    Beijos!

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  2. Olá!

    Obrigada pela sugestão. Por acaso, até já tenho os livros, é só que ainda não tive oportunidade de ler. Mas lá chegarei. ;)

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