sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Diário de Uma Miúda como Tu: Tique Taque Toque (Maria Inês Almeida e Manel Cruz)

Ter a perna engessada não é nada agradável, principalmente para alguém com tantos passatempos como a Francisca. Mas as limitações físicas não significam necessariamente que ela não tenha outras coisas a que se dedicar. Além da necessidade imperiosa de ter positiva a matemática, a Francisca tem o seu canal, as suas amigas e... bem, um mistério. A descoberta de um esconderijo secreto põe-lhe nas mãos uma cápsula do tempo e a Francisca quer saber a quem pertenceram esses objectos. Entretanto, a vida e a escola continuam, e, para cada desilusão, há novas descobertas. E talvez... novas emoções.
Parte do que torna estes livros tão divertidos, mesmo a um olhar adulto, é a forma como a sua leveza e fluidez nos transportam para a nossa própria infância. Acompanhar a Francisca é lembrar também os primeiros sonhos, as primeiras desilusões, as pequenas grandes frustrações com as notas, com os amigos, com as trapalhadas da vida, em suma. E, assim, embora seja a história singular da sua protagonista, cada um destes livros leva-nos também à nostalgia. Além, claro, de abordar temas importantes que nunca deixam de ser pertinentes, independentemente da idade do leitor.
Parte do que caracteriza a Francisca é a sua consciência ambientalista, havendo, por isso, sempre uma mensagem a este respeito em cada uma das suas aventuras. Neste caso, surge também o tema das desigualdades, o que acrescenta mais material para reflexão. E, tendo sempre em vista o público preferencial a que estes livros se destina, importa sempre destacar a leveza e a clareza com que estas questões são abordadas, de forma muito simples, mas salientando sempre a sua importância.
Temas sérios à parte, continuam a manter-se as mesmas características dos volumes anteriores: leveza, simplicidade, um sentido de humor muito cativante e uma história que, feita sobretudo de coisas normais, se destaca também por isso mesmo: por a Francisca ser, parafraseando o título, uma miúda como nós, perfeitamente normal. Claro que é, como sempre, uma história relativamente breve, mas, livro a livro, aventura a aventura, a personagem vai sempre ganhando mais vida, tornando-se assim mais próxima e mais completa.
Simples, cativante e com uma forma muito eficaz de falar de coisas sérias de forma leve e divertida, trata-se, pois, de mais uma leitura rápida, mais muito envolvente. É sempre um prazer reencontrar a Francisca - e ver em que aventuras se vai meter a seguir.

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