domingo, 9 de janeiro de 2022

Macho-Alfa: Parte 1 de 4 (Filipe Duarte Pina e Osvaldo Medina)

David tem superpoderes que o tornam invencível e, uma vez que não sabe fazer mais nada além de salvar pessoas, toda a sua vida gira em torno da sua identidade de super-herói, o Macho-Alfa. Só que isso de salvar pessoas nem sempre lhe corre tão bem como gostaria e, por isso, apesar do seu fiel grupo de fãs, David sente-se bastante isolado. A solução parece promissora: participar num reality show. Assim, além de pagar as contas, talvez consiga melhorar um pouco a sua reputação. Só que também isso não parece lá muito encaminhado para correr como ele esperava...
Um dos aspetos mais intrigantes deste livro, e algo que se torna evidente desde muito cedo, é que não é bem o que se espera de uma história de super-heróis. À primeira vista, o protagonista pode encaixar perfeitamente na imagem que se tem deste tipo de personagem - fato fixe, invencibilidade, vontade de ajudar as pessoas e um certo carisma. Mas cedo se torna evidente que o humano por trás do herói é bastante mais complexo e ambíguo, com uma vida bastante descontrolada e um temperamento igualmente caótico.
É este temperamento difícil que me leva ao ponto que deixa mais sentimentos ambíguos: a brevidade. É que há todo um conjunto de facetas obscuras na personalidade do protagonista, que vão sendo avistadas a espaços ao longo de todo este primeiro volume. Só que esta parte é breve, o que significa que o que mais fica são perguntas sem resposta ao chegar ao fim da leitura. Claro que faz sentido, ou não faltassem ainda outras três partes, mas não deixa de ficar uma certa curiosidade insatisfeita face ao muito que está ainda por desvendar.
Dito isto, não faltam momentos empolgantes, situações peculiares e até um toque de emoção, resultante em grande medida da tal vida complicada por trás da imagem do herói. Emoção que emerge não só de alguns diálogos, mas sobretudo da surpreendente expressividade - não necessariamente do protagonista, mas dos que lhe são mais próximos - que emerge de uma história definida sobretudo pelo movimento e pela ação.
Breve mas empolgante, ambíguo quanto baste, mas cheio de possibilidades, trata-se, em suma, de um início ainda bastante enigmático, mas já cheio de pontos de interesse. Um belo ponto de partida, a deixar muita curiosidade para as partes que se seguirão.

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