domingo, 11 de dezembro de 2011

O Livro dos Ecos (Helena Lebre)

Marcada pela sombra das suas experiências, uma mulher decide escrever um livro. A história de um crime que envolve três mulheres - uma das quais ela mesma - e o homem que entrou nas suas vidas, perturbou os seus afectos e desapareceu sem pensar duas vezes. Uma história onde a ficção da história de Madalena se confunde com a do livro que Madalena escreve e onde a vida daquelas mulheres, unidas pela relação partilhada com Pedro, se orienta no sentido de um ritual de conclusão...
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é a forma como as múltiplas histórias que fazem parte do enredo se confundem e se interligam. Cria-se uma ambiguidade deliberada, uma linha ténue que separa a ficção criada por Madalena da sua própria história, servindo de base a um mistério invulgar. Não se trata de descobrir se houve um crime e quem o cometeu, mas antes de definir quantas das vidas contadas ao longo da narrativa são reais e quantas são fruto da imaginação da protagonista.
Trata-se, portanto, de uma narrativa surpreendentemente complexa, tendo em conta a sua relativa brevidade. E se a história (ou histórias) é, por si só, muito interessante, com o seu toque de mistério e uma boa medida de emoção, mas sem cair no sentimentalismo, também o estilo de escrita contribui em muito para fazer deste livro uma obra cativante. Com momentos poéticos, algo de divagação e uma forma muito própria de entrar na mente das personagens, a autora constrói a sua narrativa com fluidez e com um ritmo cativante.
História de vidas possíveis, de mortes fictícias, de afectos e de amores usados e rejeitados, O Livro dos Ecos é uma obra que, apesar de relativamente curta, conjuga as medidas certas de emoção e de introspecção, num romance que, ainda que algo ambíguo na sua natureza, nunca deixa de ser cativante. Muito bom.

1 comentário:

  1. Este livro é muito interessante, quando a professora Helena apresentou-o na escola, fiquei logo curiosa para o ler e pedi-lhe que me vendesse um exemplar.
    Li a obra num instante e gostei imenso...
    O livro tem muito da escritora e mostra um lado que não conhecia da professora que me dava aulas de filosofia há dois anos. A "setôra" Helena está realmente de parabéns...

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