terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Selo do Sultão (Jenny White)

Quando o cadáver de uma mulher inglesa usando um pendente com o selo do sultão é descoberto em Istambul, um outro caso por resolver vem à memória. Hannah Simmons, governanta no harém real, foi encontrada morta em circunstâncias muito semelhantes. Mas não se investiga o palácio sem que as consequências se façam sentir e, Kamil, o magistrado responsável pelo caso, cedo aprenderá essa dura lição. Entretanto, os seus caminhos cruzam-se com os da filha do embaixador britânico, uma jovem com um impulso por intervir na investigação. E há ainda uma outra história a surgir na narrativa, a de uma jovem muçulmana com uma vida familiar mais complexa do que, à primeira vista, poderia parecer...
É difícil, a princípio, entrar no ritmo deste livro. Isto deve-se em grande parte à multiplicidade de elementos, personagens e até formas de narrar os acontecimentos que se cruzam numa fase muito inicial da narrativa. As cartas de Sybill e a narrativa na primeira pessoa da jovem Janaan contrastam com o tom pausado e bastante descritivo das investigações de Kamil. Além disso, as ligações entre estes três elementos demoram a fazer-se notar. Tudo isto faz com que a impressão inicial seja de estranheza, pelo menos até ao momento em que as personalidades e as ligações das várias personagens começam a definir-se.
Passado esta fase mais confusa, a história torna-se bastante mais interessante. É certo que, para uma investigação de homicídio, as coisas decorrem com bastante menos urgência do que seria de esperar, mas a intriga adensa-se, as relações revelam-se bastante mais complexas do que pareciam e a investigação do homicídio - ou dos homicídios - acaba por servir de base para uma caracterização bastante detalhada da sociedade Otomana. 
Nunca se torna uma leitura compulsiva. Os diferentes pontos de vista e a considerável componente descritiva estabelecem um ritmo que, ganhando intensidade com o evoluir do enredo, nunca deixa, ainda assim, de ser algo pausado. Cria-se, apesar disso, uma certa empatia com algumas das personagens e a forma como os mistérios se solucionam, com uma certa medida de ambiguidade, mas também de forma surpreendente, fazem com que a globalidade da narrativa seja, afinal, satisfatória.
Em parte investigação de um crime, mas principalmente relato de intrigas no seio de uma sociedade complexa, este é um livro que, apesar de exigir uma certa medida de paciência, surpreende pelos pormenores interessantes, bem como por um enredo que, após um início algo confuso, acaba por se revelar muito interessante. Uma leitura agradável, em suma.

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