Numa aldeia minhota, a umas cinco ou seis léguas do Porto, esta é a história das aventuras e desventuras amorosas de Rosa.
A Rosa do Adro «era a alegria e o enlevo de toda a gente, a rainha, o tudo daqueles lugares». Cobiçada por todos os «moços», é difícil resistir aos seus encantos, que o diga Fernando e António. Constitui-se assim um trio amoroso.
Rosa ama Fernando, que a corresponde mas se ausenta para acabar o curso de Medicina no Porto. António ama Rosa, e, sempre atento, quer protegê-la e até deseja vingança. A partir daqui, o enredo está criado e ainda surge Deolinda, a filha da baronesa, uma «alma nobre e generosa»...
Estamos diante de um dos romances mais vendidos de sempre e, que inexplicavelmente, a crítica ignorou. A Rosa do Adro, romance reeditado milhares de vezes durante o século XX, na actual centúria encontra-se esquecido. Afinal quem é esta Rosa? Quem a conhece nos dias de hoje? Outrora tão comentada, hoje abafada, queremos dar-lhe nova vida.
Manuel Maria Rodrigues. Nasceu em 1847, em Valença, e morreu a 16 de Agosto de 1899, no Porto. Inicialmente tipógrafo nas oficinas do jornal O Comércio do Porto, tornou-se jornalista e redactor efectivo desse mesmo periódico. Foi um dos fundadores da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e colaborou em jornais literários e artísticos. Viveu quase sempre no anonimato, uma vez que a crítica sempre lhe negou o reconhecimento da sua obra, talvez por as suas histórias serem um fiel retrato da gente simples, repletas de personagens prosaicas, dos seus amores e desamores, e não das classes mais altas como era costume na época.
Autor de romances como O Que Faz a Ambição (1863), As Infelizes (1865), Os Filhos do Negociante (1873) e Estudantes e Costureiras (1874), é com A Rosa do Adro (1870) que o seu nome fica gravado na nossa memória, tendo sido alvo de várias adaptações teatrais e duas cinematográficas.
Em 1905, Portugal conhecia, com espanto e admiração, a primeira de muitas edições de Palavras Cínicas, um dos livros mais vendidos do século XX. A crónica de crítica social catapultou-o para a fama e, aquando da morte do Autor, o livro já contava com 46 edições. Em apenas 100 páginas, destrói-se o amor, a família, a religião. Quem consegue ficar indiferente a tamanha língua viperina?
A publicação das oito cartas que compõem este livro daria origem a um leque de reacções, do aplauso fervoroso à condenação feroz. O pessimismo e a mordacidade da voz de Albino Forjaz de Sampaio atingiram de forma certeira algumas das fundações do edifício português: o clericalismo enfatuado, a
moral balofa, o populismo sabichão. Mais de cem anos depois, encontrarão estas cartas os mesmos destinatários?
«A torpeza da vida não caberia em mil volumes como este. Que eu exagero?! Que eu exagero?! Patife, tu bem sabes que eu digo a verdade.»
Albino Forjaz de Sampaio. Publicista, ficcionista e bibliófilo, nasceu em Lisboa em 1884 e faleceu na
mesma cidade em 1949. Iniciou a sua carreira literária como jornalista muito jovem, sob o patronato de Fialho de Almeida e Brito Camacho, no jornal A Luta. Como resultado da sua colaboração jornalística, publica Crónicas Imorais (1909) e Lisboa Trágica (1910). Foi membro da Academia das Ciências de Lisboa, responsável pela biblioteca e arquivo do Ministério do Fomento. Influenciado por Nietzsche e Schopenhauer, deixou, entre outros títulos, Palavras Cínicas (1905), Prosa Vil (1911), Grilhetas (1916), O Livro das Cortesãs (1916), Vidas Sombrias (1917), Subsídios para a História do Teatro Português – Teatro de Cordel (1920), Porque me Orgulho de Ser Português (1926), Volúpia e A Nova Arte – A Gastronomia (1940). Dirigiu a História da Literatura Portuguesa Ilustrada (1929-1942), em quatro volumes, e a colecção «Patrícia», dedicada aos maiores vultos da literatura portuguesa. Forjaz de Sampaio ficou para a história como o artista da frase incisiva, da crítica mordaz, de uma linguagem agressiva e ofensiva.
Sem comentários:
Enviar um comentário