Maggie Costello estava habituada às rotinas da Casa Branca e ao seu papel de conselheira próxima do presidente. Mas depois vieram as eleições e o impensável aconteceu. Agora, o novo presidente presenta tudo o que Maggie abomina e a Casa Branca tornou-se um ambiente tóxico para os poucos funcionários que transitaram da administração anterior. Mas há algo ainda mais grave a acontecer. Na sequência de uma crise que quase causou a destruição global, dois homens estão decididos a impedir o novo presidente de causar mais danos ao país e ao mundo, nem que para isso seja necessário matar o presidente. E, ao tomar conhecimento disto, Maggie é colocada perante um dilema: deixar acontecer e livrar o país de um louco, sabendo que o resultado será divisão e guerra? Ou denunciar a situação e proteger um homem que abomina?
Um dos aspectos mais interessantes deste livro, e um que se evidencia logo desde as primeiras páginas, é que, independentemente da parte conspiratória do enredo, no que diz respeito às figuras de poder, qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. O presidente deste livro não tem nome, tal como o não tem a filha omnipresente, e as suas figuras mais próximas são evidentemente fictícias. Mas basta olhar para a realidade actual para reconhecer as semelhanças e, ao projectá-las para esta história, o autor confere um livro um impacto bastante maior, já que, por mais fictícias que possam ser as intrigas e conspirações, aquilo que move as figuras centrais não deixa por isso de ser algo muito real.
Isto contribui também para reforçar a intensidade da intriga, primeiro, porque certas posições das personagens despertam inevitavelmente emoções - e aversões - fortes, e principalmente porque torna mais fácil compreender o que faz mover as personagens. Maggie, em particular, está numa posição delicada, com as suas acções passadas e divisões presentes a ensombrar cada passo que dá. Mas também Kassian e Bruton, com a sua decisão impossível e a forma como precisam de lidar com as possíveis consequências das escolhas tomadas. E há também elementos pessoais que, num enredo em que todos parecem correr contra o tempo, abrem espaço a pequenos laivos de emoção que tornam tudo mais real.
Com o crescendo de intensidade da intriga, que culmina num final particularmente dramático, há alguns aspectos que parecem passar para segundo plano - nomeadamente no que diz respeito a algumas personagens secundárias. Fica, por isso, uma certa curiosidade insatisfeita quando ao que mais poderia ter acontecido a estas personagens. Entende-se, ainda assim, tendo em conta a intensidade com que tudo culmina, que certos aspectos secundários tenham de ficar para trás. E quando ao ponto em que a história acaba, entre a revelação e as possibilidades futuras... bem, tendo em conta o cenário, dificilmente poderia ser mais adequado.
Com um enredo surpreendente e um conjunto de personagens bastante fortes, trata-se, portanto, de um livro cheio de intrigas e conspirações, capaz de surpreender a cada novo desenvolvimento. Intenso, cativante e com uma muito actual dose de realidade, uma boa leitura.
Título: Matar o Presidente
Autor: Sam Bourne
Origem: Recebido para crítica
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