A natureza, o amor e os mitos. Contemplação, introspecção e observação. Tudo isto vive, de certa forma, neste livro, em que cada poema parece ser mais uma contemplação do mundo - ou de parte dele - do que propriamente uma expressão sentimental. Aqui, vivem os lugares, as estações e uma certa magia. E algumas histórias breves, um pouco estranhas, talvez, que dão a esta poesia um tom muito distinto do da poesia mais lírica e sentimental.
Mais feitos de paisagem do que de sentimentos, são poemas que deixam a sensação de estar a percorrer locais - e não tanto estados de alma. Assim, é inevitável uma certa sensação de distância, como que de contemplar ao longe aquilo que o poeta observa e as histórias que tem para contar. E se, por um lado, esta distância atenua um pouco o impacto emocional (pois não há propriamente sentimentos transbordantes), por outro, parece ajustar-se perfeitamente ao ambiente remoto que apenas a passagem do tempo e das estações parece afectar.
Um outro aspecto que parece estar em perfeita harmonia com a distância das paisagens é a forma livre dos versos, que parecem fluir ao ritmo do olhar. Cada poema é uma contemplação de um cenário, ou de um momento ou experiência, e esta surge quase com a naturalidade de quem conta uma história. Com ambientes que não são propriamente familiares e sem grande espaço para demonstrações sentimentais, reforçam a sensação de estar a percorrer locais remotos - e, mais uma vez, é também por isso que o desapego emocional parece fazer um certo sentido.
É uma viagem, de certa forma, este conjunto de poemas. Uma viagem por locais desconhecidos e, acima de tudo, pela visão particular do poeta acerca desses locais. Não é a mais emotiva das leituras, é certo, mas não deixa de ser fascinante, à sua maneira. E há beleza nas palavras - e isso basta para fazer deste livro uma boa leitura.
Título: Flora y Pomona y Otros Poemas
Autor: Erik A. Karlfeldt
Origem: Aquisição pessoal
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