quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Contos de Terror e Arrepios (Bram Stoker)

Apesar de o nome de Bram Stoker ser fundamentalmente associado à sua obra mais conhecida - Drácula - a sua obra não se resume a esse romance. Este pequeno livro reúne quatro contos, um deles de certa forma relacionado com o lendário vampiro, tendo em comum essencialmente a presença de uma força ou entidade sobrenatural ou associada à superstição.
O primeiro conto é O Espectro da Morte e apresenta a história de uma menina que, devido a uma certa relação empática com os pássaros, é alvo do desprezo do seu povo. Mas só ela vê o que os outros consideram lenda e, ao tentar transmitir o aviso de que um gigante se aproxima, a pequena não conseguirá mais que tornar-se novamente alvo de escárnio. Com alguns momentos comoventes e uma escrita bastante simples, como que tentando reflectir a inocência do ponto de vista da criança, marca essencialmente pela forma como o cepticismo ante a superstição surge como causa de escárnio e de morte.
Segue-se O Hóspede de Drácula, a história de um homem que, na noite em que, dizem, o diabo caminha entre os homens, decide ignorar todos os avisos e vaguear por um local onde se diz que repousam seres que, não estando vivos, também não estão exactamente mortos... Um conto bastante envolvente, particularmente forte na descrição do cenário e da presença progressivamente próxima do perigo, mas também intrigante pela forma como Drácula surge na história.
A Casa do Juiz descreve como um jovem estudante, ante a necessidade de se preparar para os exames, decide isolar-se num local onde os amigos não possam perturbar o seu estudo. Mas a casa que escolhe como refúgio tem a reputação de ser habitada por "coisas estranhas" e é causa de medo geral. Intrigante e misterioso, este conto descreve de forma muitíssimo interessante o percurso do protagonista desde o cepticismo total à necessidade de investigar os estranhos acontecimentos, para culminar num final surpreendente.
E o livro termina com o conto A Índia, na minha opinião, o melhor dos quatro. Numa viagem a Nuremberga, um indivíduo peculiar que acompanha um casal, causa acidentalmente a morte de um gatinho e a fúria maternal da gata recorda-lhe a expressão de máximo ódio que viu no rosto de uma índia. Intrigante, com alguns detalhes macabros, principalmente no que toca a sistemas de tortura, mas essencialmente marcante pela forte mensagem relativa à força do ódio, consumado na forma de uma vingança... animal.
Uma leitura muito interessante, com uma mistura interessante de mistério e horror e uma escrita envolvente. Fica, contudo, uma nota negativa para a edição que, com demasiadas gralhas e opções de tradução que não soam lá muito bem, deixa bastante a desejar.

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