terça-feira, 19 de abril de 2011

A Biblioteca das Sombras (Mikkel Birkegaard)

Jon Campelli é um advogado de sucesso, com uma carreira promissora pela frente. Mas a morte súbita do pai irá mudar a sua vida, não porque a relação entre ambos tenha sido de proximidade, mas porque o legado de Luca Campelli, a livraria Libri di Luca, é muito mais que um simples estabelecimento comercial. Cedo Jon descobrirá que há uma sociedade invulgar associada ao percurso de vida do seu pai e que a influência dos Lectores sobre um acto tão simples como o de ler algumas frases é bem mais poderosa do que qualquer pessoa normal poderia adivinhar.
Com um ritmo inicialmente pausado, mas que cresce em intensidade à medida que mais e mais vai sendo revelado sobre os leitores, este é um livro que conquista progressivamente a atenção do leitor. Se os acontecimentos iniciais são, por si só, intrigantes, a verdadeira natureza dos Lectores, os diferentes tipos de poderes e suas possíveis utilizações e a forma como a influência sobre a leitura é explorada, com possibilidades abertas tanto no bem como no mal, abrem toda uma variedade de possibilidades que vai sendo explorada num enredo de fascínio crescente, à medida que também o conhecimento e o envolvimento do protagonista em toda a situação se torna mais forte.
Jon Campelli é um protagonista que não desperta automaticamente simpatia, mas que conquista tanto pela sua necessidade de reagir à medida que mais problemas e dúvidas lhe surgem no caminho como pela sua falibilidade, já que, sendo uma figura de particular poder, não é, ainda assim, inatingível, ante adversários que têm, também, grandes meios à disposição.
Há alguns elementos mais previsíveis, principalmente no aspecto romântico (algo secundário, e talvez por isso algo apressado) e na figura do inevitável traidor (que é relativamente fácil de identificar). Estes detalhes, contudo, são amplamente compensados por uma ideia geral muitíssimo interessante, em particular na construção da sociedade dos Lectores, e por momentos de grande tensão e intensidade (e aqui as leituras de Jon são algo de particularmente marcante).
Intrigante, com um protagonista cativante e um enredo interessante em vários aspectos, uma leitura que começa a ritmo lento mas que ganha envolvência à medida que o seu verdadeiro potencial se manifesta. Vale a pena ler.

Sem comentários:

Enviar um comentário