domingo, 27 de maio de 2012

O Oito (Katherine Neville)

Uma estranha profecia feita, supostamente, por diversão em noite de passagem de ano é a primeira pista a ligar Catherine Velis a um mistério de séculos. Prestes a partir para a Argélia para elaborar um programa para a OPEP, cedo Cat descobre que a peça de xadrez que um conhecido lhe pediu que recuperasse é apenas um elemento num jogo que se perpetuou durante gerações: a busca pelas peças do xadrez de Montglane. Este, conhecido como sendo o  lendário jogo de xadrez de Carlos Magno, esconde no seu interior o mistério de uma fórmula que, por diferentes razões e objectivos, terá sido cobiçado por muitos ao longo dos séculos. Mas Catherine não sabe que, enquanto se vê arrastada para o jogo da busca das peças, a sua história está ligada à de uma mulher que viveu em plena Revolução Francesa e que sacrificou muito de si para levar a cabo essa mesma demanda.
Com um tom enigmático que, a princípio, deixa uma sensação de estranheza provocada pelas muitas perguntas cujas respostas só são apresentadas numa fase mais avançada, o que cativa, em primeiro lugar, neste livro, é a forma como duas histórias aparentemente independentes (ainda que tendo ambas o xadrez de Montglane como centro) se desenvolvem, complementares e com ritmos e personalidades diferentes, mas ambas com o mesmo tom de mistério que se intensificará quando as verdadeiras relações entre elas se revelam. A história de Mireille e do seu papel na busca e preservação do jogo proporciona, talvez, os momentos mais marcantes a nível emocional, ao mesmo tempo que apresenta uma boa visão do caos da revolução e de uma série de personalidades relevantes da época. Na aventura de Catherine, por outro lado, é mais a acção que se destaca, à medida que os seus caminhos se cruzam com os da equipa inimiga. Em ambas, o enigma do xadrez de Montglane e a fórmula que este esconde são motivos e objectivos, mas as vivências das duas mulheres e o elo que as ligará vêm de rumos tão diferentes como os das escolhas de cada uma delas.
Se as protagonistas são Cat e Mireille e, como tal, é destas que se obtém uma caracterização mais completa, também é certo que há, nos que as rodeiam, algumas figuras particularmente carismáticas. Também aqui, é inevitável não notar alguns paralelismos entre ambas as histórias, principalmente no que toca a Talleyrand e Solarin, ambos com um papel de destaque junto à protagonista, e ambos com algo de misterioso nas suas personalidades. Solarin é, aliás, uma das melhores personagens do livro, deixando, por vezes, a impressão de que mais haveria a dizer a seu respeito, já que está ausente durante uma parte significativa do enredo.
Importa referir ainda as teorias e possibilidades associadas à fórmula escondida no xadrez de Montglane. Não sendo propriamente um elemento invulgar neste tipo de livro, a autora constrói uma interessante série de possibilidades em torno do que se esconde no xadrez de Carlos Magno e, ainda que, por vezes, este mistério acabe por se afigurar algo confuso, a visão global que fica no fim da leitura é bastante interessante.
Misterioso e envolvente, ainda que de ritmo pausado e com alguns momentos um pouco confusos, esta é, em suma, uma leitura interessante, com bastante de acção e algumas personagens muito cativantes. Uma boa história.

1 comentário:

  1. Eu amo suas resenhas, estranho ninguém comentar haha. Eu tenho esse livro, mas o começo não me agradou muito então eu parei. Tenho que reler um dia =/

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