terça-feira, 8 de maio de 2012

A Rainha Predileta (Carolly Erickson)

Enquanto dama de honor de Catarina de Aragão, Jane Seymour teve oportunidade de ver de perto muitas das mudanças que abalariam o reinado de Henrique VIII. Não no respeitante às razões de estado, mas às mudanças provocadas pela aparente impossibilidade de conceber um herdeiro para o reino e pela vontade do monarca de voltar a casar. Para Jane, fiel à sua rainha, seriam tempos conturbados os da ascensão de Ana Bolena, não só pelas fúrias e intrigas que marcariam esses anos, mas também pelo abalo na sua própria vida pessoal. Jane serviria Catarina e, depois, Ana, para se tornar, em seguida, na que Henrique VIII definia como a única pessoa em quem podia confiar. Mas, tal como os tempos que vivia, também os humores do rei eram volúveis...
É o desenvolvimento da personalidade de Jane o que mais cativa nesta história. Narrado, na sua maioria, na primeira pessoa, o romance permite uma visão bastante clara dos pontos de vista de Jane, do seu lado inocente e leal, mas também dos pequenos ressentimentos e das grandes mágoas que viriam a marcar a sua vida. É visível, também, o crescimento da personagem, partindo de um ideal quase romântico que é destroçado por circunstâncias da sua vida familiar e pondo em evidência, com um ciclo de mudanças tão conturbado como os tempos vividos no reino, a necessidade de pôr em primeiro lugar as questões práticas. Nunca deixa de ser uma personagem que suscita empatia, mas os momentos mais sombrios de Jane e a sua discreta intervenção em alguns dos grandes pontos de mudança, reflectem uma mulher tão capaz de se mover por interesse pessoal como por amor ou por pura lealdade.
Não há grandes elaborações a nível das intrigas e das conspirações que envolvem o reino. Das muitas mortes decretadas durante o reinado de Henrique VIII, poucas são referidas ao longo da narrativa e as que o são surgem de forma bastante breve. A posição de Jane enquanto narradora faz com que a visão destes acontecimentos seja um pouco limitada, já que também a sua presença é apresentada como relativamente discreta neste aspecto. Teria sido interessante, pois, ver mais algum desenvolvimento a este nível. Ainda assim, os elementos relevantes para a história de Jane - porque é ela o foco deste romance - estão presentes.
Escrito de forma cativante e com uma história envolvente, não se trata de um livro onde haja grandes desenvolvimentos a nível de contextualização. É, apesar disso, uma leitura cativante, quer pela forma como as personagens em destaque são desenvolvidas, quer pela fluidez com que o enredo evolui. Gostei, portanto.

1 comentário:

  1. Nem sabia da existência dessa mulher, Jane. muito legal! :D Eu estou interessada em ler livros históricos, mais um pra lista ^^

    http://asleiturasdocorvo.blogspot.com.br/

    ResponderEliminar