Destruir para criar. Pode parecer, talvez, uma ideia estranha, mas a verdade é que é um bom ponto de partida para fazer coisas diferentes. A prova disso é este livro que, com muito poucas palavras e um conjunto de instruções talvez um pouco drásticas, consegue, apesar de tudo, dar a essa ideia uma boa forma de representação. No fundo, este livro resume-se a uma série de instruções mais ou menos inesperadas de como utilizar as páginas do diário. E, mais ou menos fáceis de seguir, acabam por ser bons exemplos de pontos de partida para fazer alguma coisa.
Ora, muitas das ditas instruções são mais de formas de destruição - o que seria de esperar, tendo em conta o título - do que propriamente de escrita. Assim, fica a sensação de alguns elementos em falta neste aspecto, já que, afinal, supõe-se que haja com o diário algum tipo de "partilha" de confidências. Ainda assim, e tendo em conta que o objectivo parece ser, por um lado, o de estabelecer algum sentido de diferença e, por outro, o de enfrentar certos medos (da página em branco ou da utilização de algo novo, por exemplo), a ideia de um diário destinado a passar por umas quantas aventuras destrutivas não deixa de ser cativante.
Depois, importa referir o aspecto visual, simples quanto baste e tão centrado no essencial como as muito sucintas e directas instruções, mas bastante adequado ao conteúdo e com algumas páginas especialmente interessantes. Em jeito de exemplo, a página dos rabiscos sobre o texto, qual excerto de um qualquer manual escolar, faz lembrar algo que todos - ou muitos - fazem ou fizeram, num determinado tempo, o que acaba por estabelecer uma certa familiaridade.
A impressão que fica de tudo isto é, muito resumidamente, a de um livro diferente, repleto de ideias inesperadas e com uma perspectiva muito interessante - ainda que um pouco exagerada - da destruição como ponto de partida para a criação de algo único e pessoal. Uma boa ideia, em suma.
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