quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Rio Equilibrium (Ricardo Tomaz Alves)

Unidos pelo amor e por ele banidos, um anjo e um demónio descobrem que o equilíbrio entre o bem e o mal foi comprometido e que só eles, na força dos seus sentimentos, podem criar a semente que restaurará o equilíbrio perdido. A partir das suas essências, esculpem um híbrido a partir da pedra e enviam-no para o meio dos humanos, onde crescerá para se tornar no herói capaz de recuperar o equilíbrio. Mas Rio Equilibrium - assim se chama a nova criação - ganha, com a simples existência, um conjunto de inimigos poderosos. E, da sua aprendizagem até às grandes batalhas, muitos serão os obstáculos a superar.
Com base numa abordagem muito própria ao conjunto de elementos mitológicos que fazem parte deste sistema, este é um livro em que sobressaem principalmente dois aspectos: o potencial do sistema e o cruzamento entre a aprendizagem de métodos de combate e o elemento sobrenatural. O sistema, pela multiplicidade de elementos mitológicos, não só referentes a anjos e demónios, que vão surgindo com o enredo, e pela forma como estes se desenvolvem ao ritmo da jornada do protagonista. E o equilíbrio entre mortal e sobrenatural, na medida em que a essa mitologia se junta um vasto e interessante leque de informações sobre artes marciais, conhecimento que, por si só, já desperta curiosidade.
Dito isto, há uma evolução ao longo do enredo que deixa, por vezes, sentimentos ambíguos. Sente-se, principalmente na fase inicial, uma certa brusquidão na forma de contar a história, com conflitos e decisões a serem narradas de forma apressada. Por outro lado, no que diz respeito à aprendizagem de Rio, há, na exposição das diferentes artes marciais e das filosofias que lhe estão associadas, a impressão de que o objectivo central é perdido de vista. Assim, o que acontece é que a primeira impressão acaba por ser, ao mesmo tempo, de pressa e de confusão.
Ora, este é um aspecto que melhora consideravelmente com o evoluir da história, já que as batalhas e os testes passam de uma mera aprendizagem para algo com um objectivo mais global. Mais uma vez, fica a impressão de que há partes deixadas por explorar e de que mais haveria a dizer sobre as personagens. Ainda assim, com o intensificar da acção, a leitura torna-se mais cativante e os bons momentos - e há, de facto, alguns realmente surpreendentes - deixam antever ainda a promessa de algo muito bom.
A soma de tudo isto é uma história de início vacilante, em que o desenvolvimento das personagens e do sistema poderia ter sido mais explorado, mas que, com bastante potencial e uma evolução positiva, deixa, apesar de tudo, a vontade de ler mais sobre estas personagens. Interessante, portanto.

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