Bethany Reston ama o marido, mas nunca soube bem o que queria da sua vida e, quase sem dar por isso, viu-se envolvida num caso amoroso com um cliente, o bilionário Calum Bradley. Não é algo de inconsequente e sente que ama verdadeiramente Calum. Mas também ama o marido e a situação começa a pesar-lhe. E, quando pensa que uma discussão e o consequente afastamento temporário são o maior dos seus problemas, Calum é assassinado numa estação de metro - a mesma onde Bethany se encontrou com ele poucos minutos antes. Bethany não é a responsável pelo crime, mas também não pode propriamente admitir que estava a ter um caso. Principalmente a partir do momento em que começa a receber mensagens ameaçadoras do verdadeiro assassino.
A principal qualidade deste livro é, sem dúvida alguma, a intensidade. Escrito em capítulos relativamente curtos, com um estilo directo em que a acção e a tensão predominam, e com um enredo onde suspeitas, segredos e revelações parecem ocupar um claro papel de protagonismo, é fácil entrar no ritmo da narrativa - e é difícil parar de ler antes do fim. Bethany pode ser inocente, mas tem segredos a esconder. E, quando o verdadeiro assassino entra em cena, com a sua identidade desconhecida e os seus planos de perseguir e incriminar Bethany, é impossível resistir à curiosidade de saber o que acontece a seguir.
Claro que, ao centrar a história na perspectiva de Bethany, a aura de mistério em torno dos restantes aumenta. E, se isto contribui para manter acesa a tal curiosidade em descobrir as respostas, também deixa, por vezes, a sensação de que algumas coisas acontecem demasiado depressa. Teria sido interessante saber um pouco mais sobre a história de Jason ou a posição de Alex relativamente à situação. E a fase final, com a sua derradeira revelação completamente inesperada e uma conclusão... bem, bastante invulgar para este género de livro, talvez pudessem ter ganho ainda mais intensidade se aspectos como o julgamento tivessem sido mais desenvolvidos.
Há, ainda assim, um outro aspecto que se destaca - a capacidade de transmitir com toda a clareza as motivações das personagens. Claro que, sendo a história vista pelos olhos de Bethany, é ela quem sobressai neste aspecto e a forma como a autora transmite o seu medo, a sua apreensão e também os seus dilemas de consciência aumenta em muito a intensidade do enredo. E, ainda que de forma mais ténue (e parcial, pois surge maioritariamente da perspectiva de Bethany) também para as outras personagens é possível reconhecer forças e vulnerabilidades, traços de carácter e máscaras que se recusam a cair.
No fim, fica a impressão de uma história que talvez pudesse alongar-se um pouco mais em alguns momentos, mas que basta, tal como é, para cativar do início ao fim. Intenso, misterioso e surpreendente, um livro para devorar de uma assentada. E uma autora a seguir.
Título: A Mulher Culpada
Autora: Elle Croft
Origem: Recebido para crítica
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