Enquanto jovem mulher, Else, uma menina mimada da burguesia de Berlim, fez duas promessas a si mesma: viver a vida intensamente e ter um filho de todos os homens que amasse.
Tu não és como as outras mães é a história real dessa vida intensa, extravagante, inconformista que foi a de Else Kirschner, uma mulher verdadeiramente livre, e uma mãe diferente de todas as outras. Nascida na conservadora burguesia judia de Berlim, Else estava prometida para casar com um bom partido. Mas os encantos de um artista cristão - «o maior amor e pior partido da sua vida» - foram o trampolim que procurava para renunciar ao conforto da casa paterna e ser dona do seu destino num mundo cheio de promessa.
Corriam os loucos anos vinte, dias efervescentes numa Berlim que parecia a capital do mundo, um tempo irrepetível de cultura, esplendor e liberdade. Else vivia no centro dessa boémia, incapaz de suspeitar que uma ameaça arrepiante cercava inexoravelmente a sua família. Quando as sombras do Nacional Socialismo tingiram a Europa de negro, Else, judia, teve de fugir com a família da cidade que tanto amava. No exílio, na Bulgária, tudo é miserável, tudo é muito pouco quando comparado com a primeira vida. Nessa segunda vida, Else arrepender-se-á de não ter protegido a família da calamidade, que se revela trágica para alguns.
Esta é a história de uma vida maior que a vida, um retalho de História extraordinário. Quem nos conta a história é Angelika Schrobsdorff, importante escritora de origem alemã. Era filha de Else e demorou quinze anos a pôr no papel a história da mãe, sem sentimentalismo mas com o amor e a admiração inevitáveis, criando um pedaço de grande literatura, um clássico do nosso tempo.
Angelika Schrobsdorff nasceu em Freiburg, na Alemanha, em 1927. Emigrou para a Bulgária em 1939 com a mãe e regressou à Alemanha em 1947, terminada a Segunda Guerra Mundial. Casou-se, em 1971, com o cineasta francês Claude Lanzmann, realizador do célebre documentário Shoah, com quem se mudou para Israel em 1983, depois de uma década a viver entre Paris e Munique. Viveu em Israel até 2006. Morreu em 2016, em Berlim, meses antes de cumprir noventa anos.
Converteu-se numa figura mítica na Alemanha, sobretudo graças ao romance autobiográfico que temos nas mãos, mas também graças à publicação do seu primeiro romance – Die Herren – que causou um escândalo na Alemanha e a celebrizou de imediato. É autora de dez romances e dois livros de contos que marcaram a história do romance da segunda metade do século XX.
Tu não és como as outras mães teve uma forte repercussão na Alemanha, conquistando mais de 500 mil leitores e inspirando um filme. Em Espanha arrebatou a crítica e os leitores e arrecadou o prémio de melhor livro do ano atribuído pelos livreiros de Madrid.
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