Quando a equipa de mergulhadores que procurava na pedreira de Hayes uma mala de droga encontra, além daquilo que procuravam, o esqueleto de uma criança, Erika Foster sente imediatamente que não vai conseguir tirar aquele caso da cabeça. Em teoria, não lhe compete sequer investigá-lo, mas a identificação da vítima faz daquele caso algo de que ninguém quer realmente tomar conta - e assim Erika consegue o que quer. A vítima é Jessica Collins, desaparecida há vinte e seis anos, e a investigação anterior foi um desastre. Mas a descoberta do esqueleto não basta para trazer as respostas que faltavam e Erika dá por si a enfrentar demasiados suspeitos, uma família devastada e um misterioso adversário disposto a tudo para que o caso não seja resolvido. Quem matou, afinal, Jessica Collins? E porquê?
Um dos primeiros aspectos que importa destacar sobre este livro - e sobre a série como um todo - é o facto de se centrar num caso independente com princípio, meio e fim, ao mesmo tempo que acompanha um núcleo de personagens já conhecidas e o seu percurso gradual de evolução. Assim sendo, qualquer dos livros pode ser lido independentemente sem que se perca o impacto das revelações e descobertas feitas ao longo do caminho. Ainda assim, e isto é o que torna tudo tão interessante, o percurso pessoal de Erika e dos que lhe são mais próximos é também uma estrada de evolução e, por isso, sai reforçada a sensação de que vale muito a pena acompanhar a série desde o início. Primeiro, pelos casos individuais, que valem por si. E também porque Erika (e não só, mas principalmente Erika) revela-se um pouco mais a cada novo livro da série.
Enquanto protagonista, Erika Foster é uma mulher forte numa posição que lhe exige força, mas não isenta de vulnerabilidades. É talvez isso mesmo que a torna tão fascinante, pois, bastante eficaz, principalmente quando as circunstâncias se complicam, mas susceptível ao erro, severa na profissão, mas capaz de rasgos de emoção e de humor inesperados, Erika é, acima de tudo, uma personagem humana e real, tal como o são os que a rodeiam. Competentes ou menos competentes, empáticos ou... bem, não muito agradáveis... uma coisa é certa. Nesta série não há personagens perfeitas - e é também isso que lhe confere tanta intensidade.
Mas passemos ao caso e ao que nele existe que torna a leitura tão cativante. Basta a forma como o livro está escrito, em capítulos relativamente curtos e realçando sempre o mistério e a tensão e o perigo, para despertar a curiosidade em saber mais. E, à medida que o caso evolui, com novos suspeitos, pistas falsas, intervenções duvidosas e novas revelações, essa curiosidade vai sendo alimentada, tornando quase irresistível a vontade de ler mais um capítulo (ou vários) só para descobrir o que aconteceu ou o que aquela personagem sabe ou - finalmente - quem foi realmente o culpado.
No fim, obtêm-se todas as respostas necessárias, mas nunca num final demasiado fácil ou demasiado limpo. Da história de Jessica, fica a verdade e as consequências. Da de Erika... bem, fica a promessa de ainda muito mais para conhecer. E é este potencial - concretizado e prometido - que fica na memória no final da leitura: a sensação de que há ainda muito mais de bom à espera.
Que mais dizer? Que vale muito a pena conhecer Erika Foster, tanto neste livro como nos anteriores. Intenso, viciante e cheio de surpresas, um livro que prende do início ao fim e que deixa as melhores das expectativas para o que virá a seguir. Muito, muito bom.
Título: Águas Profundas
Autor: Robert Bryndza
Origem: Recebido para crítica
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