Depois de uma missão praticamente suicida, que, apesar do preço elevado, trouxe consigo informações capazes de mudar o rumo da guerra, o mais difícil parece ser agora regressar a casa. O inimigo é letal e praticamente invisível - e, quando a inferioridade numérica se torna evidente, também a sobrevivência começa a aparecer impossível. Mas, apesar de tudo aquilo por que passou, Byl ainda não está disposto a desistir da vida - muito menos agora, que recuperou o que julgava perdido. Mais uma vez, impõem-se decisões loucas e aparentemente suicidas - mas inevitáveis, se quiser ter uma hipótese de sobreviver.
Um dos aspectos mais impressionantes nesta trilogia - e, oh, se ela tem aspectos impressionantes - é a forma como o autor consegue encaixar tanto num volume relativamente breve. Em cerca de cento e cinquenta páginas, há grandes e memoráveis batalhas, decisões de vida e morte, revelações e demónios interiores, momentos de humor, rasgos de emoção e um contexto global tão vasto que quase parece inesgotável. E o melhor disto tudo é que nada parece apressado, nada parece demasiado sintético, nada de crucial é deixado de fora. Há mais para explorar nesse mundo? Com certeza. O potencial é vastíssimo. Mas esta história - a destas personagens específicas - tem tudo, mesmo tudo, na medida certa. E deixem-me que vos diga: é muito difícil parar antes do fim.
E por falar em fim (e não só, porque é algo que tem sido uma constante nesta trilogia), outro dos muitos aspectos memoráveis nesta leitura é que não há resultados - nem percursos, nem pontos de partida - fáceis. Todo o caminho é duro - pelas circunstâncias, pelo conflito, pelas dificuldades e fragilidades pessoais. A vida das personagens é dura, a crueldade está à espreita a cada novo desenvolvimento e a verdade é que ninguém é verdadeiramente poupado. O resultado é uma intensidade quase irresistível, uma proximidade para com o que nos está a ser contado que é praticamente palpável e uma sensação de estar, sentir e viver com as personagens que... bem, nos põe a alma das personagens nas mãos.
Mas falei em crueldade e crueldade não falta no caminho destas personagens - crueldade que as molda e que define as suas escolhas, pensamentos e emoções. E também isso impressiona, pois sentir pontos de vulnerabilidade, de falibilidade, reconhecer que a humanidade das personagens é precisamente aquilo que as torna tão marcantes, mesmo quando tudo à volta é conflito e discórdia e, bem, explosões... é uma estranha espécie de magia a acontecer. É belo, é fascinante. É irresistível.
Que mais dizer então sobre este livro? Que vale cada segundo da viagem, nos momentos mais belos como nos mais difíceis. Que fascina pela complexidade do cenário, mas que se grava a fogo na memória pela complexidade das personagens que o povoam. E que, abrindo as portas para um mundo vastíssimo, deixa ao mesmo tempo a sensação de uma missão mais que cumprida e esta vontade de mais. Sempre, sempre mais. Leiam, porque vale a pena. Muito, muito, muito. Muito mesmo.
Título: The Dark Sea War Chronicles - Shark-Killer
Autor: Bruno Martins Soares
Origem: Recebido para crítica
Obrigado, Carla!! (fico comovido) :-)
ResponderEliminarPara quando em português :(
ResponderEliminarAndo ansiosa por ler, adorei o Alex9, e depois de uma opinião destas.......
Ainda este ano, Milu :-)
EliminarMilu, finalmente sai em Português. Será lançado dia 5 de Abril! Espero que gostes!
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