Vista pelo olhar da protagonista, a história da Selecção deixou para várias das suas personagens muitas questões em aberto. Mas nem só de America vivia a história e, tanto no passado como durante a Selecção, houve momentos que foram narrados de uma perspectiva inevitavelmente parcial. As respostas que faltavam estão aqui, neste livro, onde Amberly, Maxon, Aspen, Marlee e mais algumas personagens assumem a sua própria voz, revivendo momentos já conhecidos - e acrescentando-lhes algo de novo.
A Rainha abre este livro com a história da selecção da rainha Amberly, revelando não só um lado diferente do rei Clarkson, mas também uma história cheia de ternura, esperanças e amor. Leve e cativante, evoca o mesmo ambiente dos outros livros da série, transportando-o para um passado mais distante, ao mesmo tempo que revela facetas diferentes dos protagonistas. Mas há também pistas evidentes para o que virá depois na história de ambos, o que cria também uma certa - e adequada - sensação de melancolia.
Segue-se O Príncipe, que, do ponto de vista de Maxon, acompanha o início da Selecção. Embora não acrescentando muito de novo à história já conhecida, excepto na fase inicial, ver as coisas a acontecer da perspectiva do príncipe confere a alguns momentos um novo impacto, além de realçar a complicada relação de Maxon com o pai. Ah, e claro, o sentido de humor de Maxon e America nunca deixa de cativar.
Depois vem Aspen, em O Guarda, um Aspen ainda apaixonado por America e a tentar encontrar uma forma de remediar o que perdeu. Mais extenso, mais detalhado e com vários momentos de grande intensidade, é este o conto que segue mais de perto a linha dos outros livros, mas também o que, ao abrir a mente do protagonista, mais o complementa.
E a seguir vem A Favorita, provavelmente a mais intensa e comovente das histórias deste livro. A protagonista é Marlee e, embora o essencial da sua história seja já conhecido de quem leu os outros livros, vê-lo da sua perspectiva dá-lhe todo um novo impacto. Além de, como parece ser característica deste livro, revelar também novas e cativantes facetas do comportamento das outras personagens.
Parte do que torna este livro tão interessante é o facto de complementar algumas facetas dos outros livros da série, acrescentando-lhes novas perspectivas, bem como detalhes interessantes. É o que acontece nas Cenas de Celeste, que, apesar de bastante breves, permitem ver a Celeste que, no início da história, parecia não poder existir. Momentos simples, mas surpreendentemente emotivos, que acrescentam à história um pouco mais de emoção.
A Aia conta a história do ponto de viragem na relação de Lucy e Aspen. Um momento relativamente breve, mas repleto de emoção, e que acrescenta uma perspectiva diferente a alguns acontecimentos dos outros livros.
Continuando a complementar a história principal, vem o que aconteceu Depois de A Escolha. Trata-se de uma cena da vida de America e Maxon enquanto casal, que, além de especialmente enternecedora, permite ver também um pouco mais das relações entre personagens depois do processo de Selecção. Um momento simples, mas muito bonito, e um belíssimo complemento ao enredo central.
E, por fim, uma breve resposta acerca das outras Seleccionadas. Onde Estão Agora? As respostas são sucintas e não propriamente essenciais para o todo, mas reforçam a sensação de fim de ciclo e a ideia de a Selecção ser apenas uma passagem - e não um destino fatal - para as preteridas na escolha do príncipe. Também um interessante complemento.
Chegado o fim, fica a mais simples das impressões: a de um livro que vem dar as respostas que faltaram nos outros volumes da série e apresentar novas perspectivas para alguns dos grandes acontecimentos. Leve, cativante e com vários momentos intensos, um belíssimo complemento e uma leitura a não perder para os fãs da série.
Título: Felizes para Sempre
Autora: Kiera Cass
Origem: Recebido para crítica
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