Caitlin tem dez anos e o facto de viver sozinha numa ilha com os pais não lhe conquistou grandes vantagens. O único amigo que tem é Frank, o homem que a leva de barco para a escola, e os pais estão sempre demasiado ocupados para ela. Mas a solidão está prestes a acabar. Um dia, após uma chuva de meteoros, Caitlin encontra uma estranha criatura na praia. Tudo indica que será um extraterrestre, mas o que Caitlin vê nele é uma criatura inofensiva e assustada - bem como um potencial amigo. Sem medo nenhum, Caitlin tenta ensiná-lo a comunicar, dá-lhe um nome e cria com ele uma relação de amizade. Só que o Perigeu não pára de crescer e, quando o segredo de Caitlin deixa de ser segredo, o mundo torna-se um lugar perigoso - para o Perigeu e para todos os habitantes.
Narrado do ponto de vista da protagonista e, em consequência, com uma visão bastante inocente das coisas, este é um livro que se define principalmente pela simplicidade. E isto é uma surpresa, não tanto pela inocência com que Caitlin trata do seu novo amigo, mas pela forma como esta visão simples e inocente se mantém mesmo quando as coisas se complicam de forma global. O amor da pequena Caitlin pelo Perigeu não muda quando ele passa a ser uma possível ameaça - e, sendo certo que, nalguns momentos, esta inocência parece ser exagerada, basta lembrar a idade da protagonista, e o coração grande que demonstra ter, para que tudo passe a fazer sentido.
Centrando-se essencialmente na relação entre Caitlin e o Perigeu, faz também sentido que os outros acontecimentos passem para um relativo segundo plano, embora, sendo a possível ameaça algo global, fique uma certa curiosidade insatisfeita acerca da forma como as diferentes forças - o exército, os cultos, os próprios investigadores - estariam a orientar os próximos passos. Além disso, o próprio Perigeu é um enigma, e as respostas que surgem são, inevitavelmente, parciais. Mas também isto resulta adequado, principalmente se tivermos em conta a mensagem subjacente à história: de amizade apesar das diferenças e dificuldades.
É uma história simples, e a simplicidade estende-se à escrita. Capítulos relativamente curtos e uma forma bastante directa de contar as coisas adequam-se ao que seria o pensamento da protagonista. Além disso, esta simplicidade contribui também para reforçar o impacto de alguns momentos, não necessariamente os de maior perigo, mas os mais emotivos ou divertidos. Até porque o pensamento de Caitlin leva-a, por vezes, a chegar a afirmações bastante interessantes.
Assim é, pois, este livro feito de amizades inesperadas: uma história bonita, inocente e cheia de episódios surpreendentes, capaz de cativar leitores de todas as idades. Simples, divertida e, nos momentos certos, comovente, uma boa leitura.
Título: O Meu Amigo de Outro Mundo
Autor: Ross Montgomery
Origem: Recebido para crítica
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