O seu coração pode estar dividido, mas Tessa está decidida a seguir em frente com o caminho que escolheu. E, sendo Jem tão frágil, quanto mais cedo o casamento se realizar, melhor. Mas a alegre agitação dos preparativos é ensombrada por uma pesada sensação de inevitabilidade. É que Mortmain não desistiu dos seus planos e está disposto a tudo para levar Tessa para junto de si. Pois ela é a arma que lhe permitirá destruir os Caçadores de Sombras - e é esse o derradeiro propósito do Magister e dos seus autómatos.
Volume final da trilogia e também elo de ligação para os outros livros da autora, este é o livro em que todas as pontas soltam se fecham - mas não necessariamente todas as possibilidades. Afinal, Tessa é uma personagem peculiar e, por isso, também o seu caminho teria de o ser. E é precisamente daqui que surgem os momentos mais notáveis da história: do triângulo feito de diferentes - mas igualmente poderosos - tipos de amor que une Jem, Will e Tessa, proporcionando momentos de grande emotividade sem nunca se tornar demasiado previsível. E também os paralelismos e ligações: pois de Tessa e Will, mas também de Cecily e Gabriel e Sophia e Gideon - nascem os ramos que darão forma a outros Caçadores de Sombras.
É fácil entrar na mente dos protagonistas, e ainda mais devido à intensidade do enredo. Há sempre algo de relevante a acontecer, seja nas relações pessoais, seja no plano mais vasto que põe em campos opostos Mortmain e os Caçadores de Sombras. E é por isso difícil não querer saber o que acontece a seguir, não só devido ao ritmo de constante acção e revelação, mas também pelo impacto dos grandes e dos pequenos momentos. Porque há espaço para tudo: gestos de grande dramatismo, deliciosos momentos de humor e um caminho feito de dificuldades e dor, mas também de amor e superação.
E, claro, há o mundo dos Caçadores de Sombras, que nunca deixa de cativar. Não só pelas diferenças e paralelismos entre o tempo das duas séries, mas principalmente pelas vastas possibilidades. A hierarquia, os rituais, a Lei (e as possíveis transgressões) - em tudo isto há um potencial vastíssimo e a forma como a autora o explora, desenvolvendo-o ao ritmo da história das suas personagens torna tudo mais intenso e fascinante.
Fecha-se um ciclo neste Princesa Mecânica - mas não a história dos Caçadores de Sombras. E este fim de ciclo, com todas as suas novas possibilidades, tem ainda um muito agradável efeito complementar: a vontade de conhecer novas personagens, de reencontrar algumas já conhecidas, e de continuar a explorar este vasto mundo.
Não é o fim, portanto, mas é um fim de ciclo mais que adequado. E, com a sua vasta emotividade, a sua história intensa e cheia de surpresas e as suas tão memoráveis personagens, encerra em beleza uma trilogia que é toda ela muito cativante. E que se recomenda, claro.
Título: Princesa Mecânica
Autora: Cassandra Clare
Origem: Recebido para crítica
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