domingo, 12 de agosto de 2018

Jessica Jones: Pulsar (Brian Michael Bendis e Mark Bagley)

Grávida e a precisar de dinheiro, Jessica Jones está pronta para iniciar uma nova fase na sua vida: a trabalhar para o Clarim Diário, num novo suplemento surpreendentemente dedicado às histórias dos super-heróis. Só que não importa assim tanto que Jessica tenha deixado de ser super-heroína - as suas ligações continuam presentes, tal como a inevitável tendência a meter-se em sarilhos. Primeiro, a morte de uma jornalista põe-na no caminho do poderoso Norman Osborn. Depois, uma guerra secreta lança-a numa busca frenética pelo namorado. E, por fim, mesmo quando se prepara para ter o seu filho e casar, novos problemas vêm bater à porta dos Vingadores - mesmo quando Jessica mais precisa deles... É que a vida de um super-herói nunca pára. E namorar com um Vingador tem destas coisas.
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção neste volume é a diferença de registo. Se, em Alias, o ambiente era mais negro e havia uma maior abundância de cenas pesadas, aqui, há uma maior leveza, que transparece não só nos acontecimentos como também visualmente. Além disso, há mais super-heróis - muito mais super-heróis - e menos investigação, o que, por si só, bastaria para justificar a mudança de registo. Mas há também um equilíbrio entre esta evidente mudança e as ligações vindas do passado. O ambiente pode ser menos sombrio, mas Jessica Jones continua a ser a mesma pessoa, com o seu temperamento peculiar, a sua persistência incessante e a sua visão algo parcial - e menos segura do que deveria ser - de si mesma. O que, claro, apenas reforça a sensação que ficou após o último volume de Alias: que se fechou um ciclo e que esta é uma nova fase.
Também a nível de imagem se notam mudanças evidentes, inclusive entre números. Se a Jessica Jones de Alias mantinha sempre essencialmente os mesmos traços, aqui há uma visão algo distinta - ainda que seja sempre fácil reconhecê-la. E é interessante a forma como, por vezes, quase parece vislumbrar-se a Jessica Jones do passado, enquanto noutras - principalmente quando assume um papel mais discreto, ou uma postura diferente - a imagem se altera, como que ajustando-se às circunstâncias em que se encontra.
Mas voltando aos muitos super-heróis. Já não é novidade para ninguém que super-heróis é coisa que não falta no universo Marvel e muitos deles marcam presença neste livro. Ora, sendo Jessica a figura central, também não é propriamente uma surpresa que muitas destas aparições sejam fugazes - ainda que nunca discretas. Mas o mais interessante nisto tudo é que todos têm algo de fundamental a acrescentar ao enredo, além do muito agradável efeito secundário que é a curiosidade irresistível em conhecer as suas próprias histórias. Até porque, ao longo da leitura, surgem várias referências intrigantes a algumas dessas outras histórias. 
E claro, há outra figura importante nesta história - ou não tivesse Jessica ido trabalhar para o Clarim Diário. A história de Ben Urich, com a sua dedicação ao trabalho e os seus invulgares princípios, está na base de alguns dos momentos mais marcantes do livro, além de acrescentar a uma história repleta de super-heróis um outro tipo de heroísmo: o de fazer o que está certo mesmo quando é difícil.
O que fica então de tudo isto? Uma leitura viciante e cheia de surpresas, e uma janela aberta para um mundo tão vasto que difícil é saber para onde ir a seguir. Intenso, cativante e com um sempre fascinante núcleo de personagens, um livro a não perder. 

Autores: Brian Michael Bendis e Mark Bagley
Origem: Recebido para crítica

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