segunda-feira, 15 de outubro de 2018

O Pequeno Livro dos Grandes Insultos (Manuel S. Fonseca)

Chama-se O Pequeno Livro dos Grandes Insultos - e é um livro que se sintetiza perfeitamente a si mesmo no título. Pequeno, porque é um livro relativamente pequeno. E quanto a Grandes Insultos? Bem, é exactamente isso. Por isso, não se esperem grandes eufemismos e muito menos insultos menores. Este é um livro como poucos no que toca à abundância de palavrões por metro quadrado. E, por isso, nesta sua estranha declaração de amor ao palavrão, é também um livro especialmente rico nesta tão específica área do vocabulário.
Um dos primeiros aspectos que importa referir acerca deste livro - e talvez algo surpreendente tendo em conta o conteúdo - é o talvez inesperado facto de se tratar de um livro... bonito. Bonito, sim, com os seus tons de vermelho na capa e no interior e os elementos visuais bombásticos (talvez não no primeiro sentido que vem ao pensamento) presentes ao longo do livro. E isto tem um efeito curioso: é que, além de despertar a curiosidade para a leitura, quase que desmistifica o factor choque nesta abordagem bastante complexa à arte do palavrão. Afinal, também faz parte da vida, não é? E os tabus... bem, alguns existem para ser quebrados.
Mas passemos ao conteúdo e importa, claro, começar por dizer que talvez não seja um livro recomendado às almas mais sensíveis. É que, se pensarem no palavrão mais forte que conseguirem imaginar e depois o forem procurar nas páginas deste livro, é bem provável que o encontrem. Até porque alguns deles são do tipo que se ouve a toda a hora. Mas há, mais do que os insultos em si - e não é impressionante a criatividade de alguns dos insultos que vêm à cabeça das pessoas? - destacam-se dois aspectos: primeiro, a organização do livro, que lhe confere quase que um estatuto de tratado sobre o vernáculo; e segundo, a boa disposição que faz com que até as mais rebuscadas blasfémias despertem facilmente uma gargalhada. Ou não fosse o inesperado um dos factores que aumentam o impacto de um palavrão bem proferido.
Há algumas repetições ao longo do livro, principalmente de expressões que surgem em múltiplos contextos. Mas, embora isto desperte a sensação de já ter visto aquele insulto antes, faz todo o sentido que esta repetição aconteça: afinal, o contexto também faz parte do impacto e o palavrão é um departamento da linguagem que inclui muitas possibilidades.
Fica, então, esta curiosa impressão: a de um pequeno, mas completo, tratado sobre a surpreendentemente vasta arte de insultar. E, claro, um livro divertido e surpreendente - nos mais inesperados aspectos.

Autor: Manuel S. Fonseca
Origem: Recebido para crítica

2 comentários:

  1. Ainda não conhecia, parece ser bem interessante, fiquei curiosa!!

    http://submersa-em-palavras.blogspot.com/

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  2. Obrigado, caras Leituras do Corvo, pela análise. um abraço

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