Com o início da guerra, começam a ouvir-se por todo o lado os apelos - e exigências - à participação no esforço e nos combates. E, sem saberem bem como, Jack Loveless e o amigo, Harry, dão por si a alistar-se com apenas dezassete anos. Imaginam, talvez, que o que têm pela frente é heroísmo e aventura. Mas o que os espera será bem diferente, na percepção de que do outro lado das barreiras de horror, medo e morte há humanos como eles. E que talvez possa haver paz, num momento único, mas que há muitos a querer que a guerra continue.
Dirigida a um público jovem e contada com relativa brevidade, este é um livro em que o aspecto que mais se destaca é, sem dúvida alguma, a mensagem. Através de Jack e dos seus companheiros, da forma como vêem a guerra em que se envolveram e, acima de tudo, da forma como é narrado o episódio da trégua do Natal de 1914, há uma ideia muito clara a destacar: de ambos os lados do conflito, estavam pessoas, com vidas e famílias a que queriam voltar. E que, fossem quais fossem as razões que os levavam a estar ali, continuavam a ser pessoas. Esta ideia torna-se particularmente marcante porque ganha forma nas percepções do próprio protagonista, o que a torna mais viva, mais clara. E é verdade que pode parecer óbvia, mas os acontecimentos mostram que nem sempre é tanto assim.
Apesar da relevância dos acontecimentos e da intensidade com que são descritos, este é um livro bastante simples, no sentido em que o contexto histórico dos acontecimentos é desenvolvido apenas na medida em que os protagonistas o conhecem. Mas há algo de muito cativante nesta simplicidade, que, associada à forma como tudo começa (e termina), acrescenta à narrativa um laivo de inocência que, tendo em conta os factos que lhe servem de base, acaba por se tornar estranhamente marcante.
Ficam perguntas sem resposta. É inevitável, tendo em conta o ponto do conflito onde a história termina. E fica, por isso, uma certa curiosidade insatisfeita, sobre o que aconteceu depois a Jack ao longo dos anos que se seguiram àquele estranho momento do conflito. Mas, por outro lado, faz sentido que assim seja. E, sabendo que, no dia da trégua, a guerra estava ainda muito longe de terminar, deixar aquele momento como ponto alto da história acaba por ser a forma mais adequada de fechar a narrativa.
Simples, mas marcante na sua simplicidade, este é, pois, um livro que, apesar da brevidade, passa, na forma de uma história cativante e comovente, uma mensagem que nunca deixará de ser relevante. E tudo isso - a força da mensagem, a envolvência do enredo e os sentimentos que desperta - é mais do que suficiente para que valha a pena conhecer esta história. Gostei.
Título: No Silêncio da Guerra
Autor: James Riordan
Origem: Recebido para crítica
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