terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A Química (Stephenie Meyer)

Em tempos, trabalhou para uma agência ultra-secreta. Agora, os seus antigos superiores querem matá-la, mas, com anos de experiência a fugir e a esconder-se, ela está decidida a não lhes facilitar as coisas. Muda de nome de poucos em poucos dias. Não deixa rastos e não passa demasiado tempo no mesmo sítio. Mas, mesmo assim, o seu antigo patrão conseguiu encontrá-la. Parece que cometeram um erro e que o seu conhecimento inevitável é mais uma vez necessário - ou milhões morrerão. E, dividida entre a suspeita e o piso de milhões de vidas inocentes - a verdade é que ela acaba por não ter grande escolha. Aceita a missão, mas a pergunta persiste: será realmente para salvar vidas que precisam dela? Ou irá direita a uma nova armadilha?
Uma das primeiras características a destacar-se neste livro é que, para thriller, o ritmo do enredo é surpreendentemente pausado. A autora alonga-se em vastas descrições, expondo pormenores sobre as rotinas, raciocínios e planos detalhados da protagonista (e não só), o que faz com que, principalmente na fase inicial, a história evolua a um ritmo relativamente lento. Ora, isto faz com que, principalmente na primeira metade, a leitura não seja assim tão compulsiva. Mas depois, com o crescendo de intensidade que se lhe segue, as coisas mudam - e os pormenores anteriores... bem, começam a fazer sentido.
Sendo certo que, na fase inicial, a leitura não é assim tão viciante, não deixa, ainda assim, de se manter envolvente. Primeiro, porque as circunstâncias em que a protagonista é apresentada são mais do que suficientes para despertar curiosidade e a aura de mistério e de intriga que a rodeia bastam para se querer sempre saber mais. Depois, há medida que a história evolui, e a verdadeira complexidade da intriga começa a revelar-se, os muitos detalhes ganham sentido e as várias reviravoltas abrem caminho a vários momentos de grande intensidade. E, além disso, à medida que as personagens se tornam familiares, a empatia vai crescendo, o que contribui para aumentar em muito o impacto do tal crescendo de intensidade que começa a surgir com o desenrolar da trama.
O que me leva ao verdadeiro ponto forte desta história, o que a torna, apesar do ritmo lento, realmente memorável: as personagens. A protagonista, desde logo, com a sua posição de fuga constante, com o passado que carrega consigo e com a forma como os acontecimentos lhe mudam a vida e as perspectivas, desperta uma empatia inesperada tendo em conta a sua profissão. E quanto aos que a acompanham mais de perto... bem, não querendo revelar muito sobre a história.... basta dizer que são igualmente capazes de comover como de arrancar gargalhadas. E, tendo em conta o tipo de história de que se trata, isso não é algo de assim tão expectável à partida. 
E quanto à intriga? Surpreendente, cheia de inesperados, de revelações, de reviravoltas... e nem sempre nos grandes momentos. Com acção em abundância, sim, e com grandes situações de vida ou morte... mas também com pequenos laivos de afecto, de humor, de inesperada ternura que, por momentos, parecem mudar todo o tom do livro. Também isso surpreende e, tal como os grandes pontos de viragem, acaba por ficar na memória depois de terminada a leitura.
A impressão que fica é, portanto, a de uma aventura memorável, que, crescendo gradualmente em intensidade, começa por cativar pelas personagens, para depois surpreender pelo impacto das circunstâncias em que estas se revelam no seu melhor. Leva o seu tempo, sim, mas vale a pena. Vale muito a pena. 

Título: A Química
Autora: Stephenie Meyer
Origem: Recebido para crítica

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