Sune Frandsen está desaparecido há duas semanas. E, curiosamente, o pai não parece muito empenhado em encontrá-lo. Mas a passagem do tempo e a ausência de pistas levaram a que o caso passasse para as mãos de Louise Rick e esta não está disposta a descartá-lo - muito menos quando se apercebe de que o pai do rapaz é uma pessoa do seu passado. As poucas pistas parecem apontar para um grupo que se reúne na floresta, crentes nos antigos deuses nórdicos que aí realizam os seus rituais. Mas a verdade é bem mais tenebrosa e a descoberta de que Sune anda fugido na floresta é apenas o início. Há um motivo sério para o rapaz andar em fuga. E há ligações entre esse motivo e o passado da própria Louise...
Se, no anterior As Raparigas Esquecidas, a impressão que ficava era a de uma história inicialmente distante, mas que se afirmava aos poucos nas grandes revelações, bem como nas perguntas deixadas em aberto, pode-se dizer que este novo livro é completamente diferente. Porquê? Primeiro, porque é incrivelmente fácil entrar na mente das personagens, tanto no caso das já conhecidas, como dos novos elementos. Mas também, e acima de tudo, pelo crescendo de intensidade que, desde as primeiras páginas e até aos últimos momentos, nunca deixa de se fazer sentir. E isto é mais do que suficiente para fazer do que é, à partida, uma história promissora, uma leitura verdadeiramente memorável. Mas vamos por partes.
No livro anterior, estabeleceu-se aos poucos um estranho equilíbrio entre o caso que Louise tinha em mãos e os mistérios do seu passado. Ora, este equilíbrio ganha aqui toda uma nova dimensão, pois o desaparecimento de Sune está intimamente ligado a pessoas que Louise sempre conheceu. E aqui está um dos grandes pontos fortes deste livro: a forma como a autora entrelaça as várias facetas do enredo, construindo uma intriga complexa e sempre fascinante, em que tudo parece ser possível e em que, mesmo sabendo, à partida, quem são os possíveis responsáveis, não há como saber o que pode acontecer.
Há também uma maior proximidade para com as personagens. Claro que parte disto pode dever-se ao conhecimento prévio adquirido no livro anterior, mas não totalmente. Isto porque se Louise, Camilla e Eik, entre outros, são já familiares, o mesmo não se pode dizer de Sune, que, nalguns momentos, consegue ser a mais cativante de todas as personagens. Além disso, também o próprio mistério alimenta esta sensação de proximidade, pois a tensão das circunstâncias, associada ao aspecto religioso e à forma como essas crenças são manipuladas torna toda a situação mais intensa, realçando também os laços de proximidade - ou de dependência - das diferentes personagens.
E tudo isto é escrito de uma forma que, não sendo propriamente de leitura compulsiva, já que as descrições conferem à narrativa um ritmo mais pausado, nunca deixa de fascinar. Talvez pela forma quase perfeita como a autora descreve os momentos mais intensos, talvez pela muito bem conseguida caracterização do aspecto mitológico. Talvez pela conjugação de todas as partes, todas elas narradas de forma fluida e envolvente.
Intenso, sempre cativante, capaz de despertar todas as emoções em todos os momentos certos, não há neste livro um único instante de distância. E isto, associado ao leque de personagens fortes e a um mistério onde em tudo há potencial para surpreender, não pode deixar de dar bom resultado. A soma de tudo é, pois, um livro memorável. E muito, muito bom.
Título: O Trilho da Morte
Autora: Sara Blædel
Origem: Recebido para crítica
Fiquei ainda mais curiosa acerca deste livro depois de ler a tua opinião! Já tive a oportunidade de ler o primeiro r mal posso esperar para ler este segundo! Já me disseram que é o melhor da trilogia.
ResponderEliminarConvido-te também a ires ler os novos posts do blog!
Beijinhos,
Carolina - leiturasdacarolina.blogspot.pt