Tudo o que julgavam saber sobre o inimigo estava errado - e foi assim que ele os levou ao caos. Confiança e colaboração transformaram-se em nada, pois ninguém sabe se o humano com que se deparam, encolhido de medo, num canto qualquer, não pode ser, na realidade, um deles. E faltam poucos dias para a Quinta Vaga - o início de uma guerra que nunca terá fim. Cassie, Zombie, Ringer, Sam... o próprio Evan... todos sabem que o fim está próximo, e que é preciso fazer alguma coisa. Que, mesmo que seja tarde demais para salvar o mundo, não podem deixar que os Outros ganhem. Mas, quando tudo é uma grande mentira, em quem podem confiar realmente? E que explicações há quando o impensável se torna normal?
Último volume de uma trilogia onde a acção foi quase sempre uma constante e as sombras de um fim inevitável a aura de tensão que a definiu, este é um livro que conjuga o melhor dos dois volumes anteriores: a intensidade de uma corrida pela sobrevivência e a tomada da consciência de um mundo que se tornou tão negro que nunca pode haver saídas fáceis. E é precisamente a conjugação destas duas facetas o que mais impressiona neste livro. A capacidade que as personagens têm de continuar a lutar - vincit qui patitur - mesmo quando tudo afirma que a vitória nunca poderá ser completa.
Claro que, seguindo na senda dos volumes anteriores, não poderia deixar de haver, ao longo da história, todo um conjunto de novas revelações sobre o que realmente se está a passar. Mas o mais interessante nestas revelações é precisamente o efeito ambíguo que têm - podem mudar tudo para os protagonistas, mas, ainda que por vezes pareça, eles não estão sozinhos no mundo e há outros a acreditar em coisas diferentes. Ora, isto torna todo o enredo mais complexo, pois as situações em que as personagens se vêem levantam-lhes questões dolorosas. Inocência, esperança, coragem tornam-se relativas face ao que é preciso fazer.
E tudo isto converge para um final duro, ainda que tão adequado quanto inesperado.Todas as escolhas das personagens as levaram até ali. E, sendo certo que, dadas as circunstâncias, dificilmente se conseguiria um final com todas as respostas, as que ficam por dar acabam por fazer sentido. Mas, mais do que isso, o impacto emocional desses momentos, tendo em conta tudo o que ficou para trás, ganha uma maior dimensão pelo facto de não se saber o que vem depois.
Intenso, surpreendente, cheio de acção e com toda a emoção de que precisa, trata-se, pois, de um final à altura das expectativas geradas pelos volumes anteriores. Sombrio, doloroso, às vezes, mas complexo e fascinante, A Última Estrela encerra da melhor forma um enredo cheio de complexidades inesperadas. E tudo isto o torna memorável. E tudo isto o torna... muito bom.
Título: A Última Estrela
Autor: Rick Yancey
Origem: Recebido para crítica
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