Um aparentemente inócuo - ainda que fascinante - cruzeiro pelas águas do Nilo que resulta na morte da detentora de uma grande fortuna, alguém que, apesar da juventude, parece ter vários inimigos reunidos no barco. E um misterioso envenenamento em casa de uma família de bem, mas onde grandes segredos parecem esconder-se nas sombras. Ambos casos fatais, intrigantes e aparentemente inexplicáveis. Nada é, porém, indecifrável para uma mente tão arguta como a de Poirot. E, por mais escassas que possam parecer as pistas, a verdade vem sempre ao de cima...
Algo que importa começar por dizer sobre este volume, à semelhança, aliás, das adaptações anteriores, é que se lê perfeitamente sem qualquer conhecimento dos romances que lhe serviram de base. Ainda assim, tendo já lido um dos dois romances, importa também dizer agora que o conhecimento prévio também não prejudica à leitura, não só porque a adaptação, com a sua componente visual e expressiva, lhe confere matizes diferentes, porque o enredo é suficientemente complexo para que haja sempre detalhes novos.
Olhando, pois, para o livro tal como ele é, e pondo de parte a existência ou não de conhecimento prévio do enredo, há dois aspectos que sobressaem: a arte, sobretudo na vida e expressividade que confere às personagens, e a capacidade de construir um equilíbrio perfeito entre a informação dada pelos diálogos e a que está contida nos elementos visuais. O resultado é um livro equilibrado, sem excessos explicativos e em que o impacto das surpresas é maximizado não só pelas expressões das personagens (principalmente em certos momentos mais dramáticos), mas também pelos tons dos próprios cenários.
Sendo um volume duplo, sobressai também o contraste de estilos. O Poirot de Morte no Nilo não é de todo igual ao de O Misterioso Caso de Styles. E, ainda assim, ambos evocam na perfeição a eterna figura do grande detective. Podem ser visões diferentes e estilos diferentes, mas ambos têm a alma da personagem e o seu encanto irresistível. E quanto às histórias... Bem, sobre as histórias não se pode dizer muito sem revelar demasiado segredos. Mas mistério e intriga não lhes faltam...
Não importa, pois, se se trata de um primeiro contacto com estas histórias ou da descoberta de uma nova formulação. O que é certo é que tudo nesta adaptação cativa: as expressões, a cor, os contrastes... e, naturalmente, as histórias e personagens. Envolvente, intrigante e cheio de surpresas, um belo duo de aventuras. Muito bom.
Sem comentários:
Enviar um comentário