«Depois de ter lido Bolaño a nossa vida muda um pouco. Não se pode esquecer aquilo que ele deixou escrito, e que é uma tempestade, uma torrente, um delírio, como deve ser a literatura.» Francisco José Viegas
Esta obra demonstra que Roberto Bolaño realizou, em relativamente pouco tempo, um feito que muitos autores perseguiram: criar o seu próprio público. A ideia de reunir em livro um conjunto de textos disperso por jornais e revistas de vários países visa proporcionar aos leitores de Bolaño um material informativo importante sobre a sua vida e obra.
A escrita de Bolaño é reveladora de uma estética nova, que supera modelos esgotados, tanto da denominada literatura realista como da fantástica. Nos seus livros está patente a incorporação do político em registos narrativos que recuperam tradições universais complexas e uma cultura da errância que inaugura cartografias culturais de espaços revisitados (sejam eles grandes ou pequenas cidades), de zonas de paisagem físicas e metafóricas que afectam os corpos e as palavras.
Eu Sou Bolaño inclui contribuições de vários escritores e textos inéditos de Bolaño, como o discurso de aceitação do Prémio Rómulo Gallegos, proferido em Caracas, e uma breve reflexão do próprio sobre o romance premiado e a sua biografia.
Poeta e romancista, Roberto Bolaño nasceu na capital chilena, Santiago, em 1953. A sua infância foi passada em várias cidades chilenas, até que, aos quinze anos, a família mudou-se para a Cidade do México. Ligado a um grupo trotskista, o escritor envolveu-se activamente na política e abandonou o liceu, seguindo para El Salvador. De regresso ao México, em 1974, fundou com um grupo de amigos o Infra-realismo, um movimento literário que tenta combater a chamada «cultura oficial».
Durante os anos 70, Bolaño viajou pela Europa e acabou por fixar residência em Espanha, com a mulher e os dois filhos. O autor dedicou os últimos dez anos de vida à escrita, de uma forma febril, até à morte (em Barcelona, em Julho de 2003), aos cinquenta anos.
«Sou muito mais feliz a ler do que a escrever.»
CELINA MANZONI, doutorada em Letras, é investigadora do Instituto de Literatura hispano-americana e professora de Literatura latino-americana na
Universidade de Buenos Aires. Publicou inúmeros artigos em revistas especializadas da América e da Europa.
A sua obra Un Dilema Cubano: Nacionalismo y Vanguardia obteve, em 2000, o Prémio de Ensaio da Casa de las Américas. É ainda autora das obras El Mordisco Imaginário e El Presídio Político en Cuba – Último Diario y otros Textos.
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