Durante toda a sua vida, Vida Winter contou histórias diferentes aos jornalistas que lhe perguntavam pela sua vida. Até que, aproximando-se o fim da sua existência, surge um que lhe pede directamente que lhe conte a verdade. Claro que ela não o faz. Mas o pedido directo, sem subterfúgios, fica-lhe no pensamento. E, finalmente, a autora do misterioso Treze Contos de Mudança e Desespero (cujo ausente décimo terceiro conto se tornou num mito) decide-se a contratar uma biógrafa conhecida pelo seu trabalho sobre irmãos e a contar-lhe a sua história: uma história de gémeas, de fantasmas... de muitos segredos.
Um dos grandes trunfos deste livro está na escrita cativante e expressiva da autora. É fácil entrar na história - ou histórias - deste livro, já que a forma como personagens, cenários e até sentimentos e reflexões interiores são desenvolvidos cria envolvência desde as primeiras páginas. Desde a carta de Vida Winter à sua biógrafa que é possível ver com clareza o carisma que torna cada personagem única: Vida, com os seus grandes segredos e as suas múltiplas ficções de vida, Margaret com a sua sensação de alguma coisa em falta no seu mundo. É fácil criar empatia e, contudo, a falibilidade existe e os segredos na vida de Vida Winter serão, muitas vezes, surpreendentes.
Quanto à história propriamente dita, a de Vida Winter, há muito de surpreendente a descobrir e, ao alternar entre a memória e as descobertas do presente, prolonga-se o mistério e mantém-se a curiosidade em saber mais. Da história dos Angelfield, destaca-se a constante sensação de mistério, a intensidade que, mesmo nos poucos momentos em que algo de improvável parece insinuar-se, mantém a vontade de continuar a ler. Do presente, é a forma como os segredos contados por Vida se interligam com as descobertas de Margaret, para culminar numa conclusão que, por ser parcialmente percepcionada pela própria biógrafa, lhe permite tomar nas mãos o fim da história.
Com uma história cativante, personagens carismáticas e a dose ideal de emoção, este O Décimo Terceiro Conto é, de certa forma, como as histórias de Vida Winter: um caminho de mudança e desespero, uma história de beleza e de sombra, de segredos e de revelações... De vida, enfim.
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