O mecanismo da mudança desencadeou-se quando Katniss Everdeen entrou nos Jogos da Fome e desafiou o Capitólio. Agora, a rebelião alastra. Há guerra aberta entre os rebeldes e o Capitólio. E, enquanto Katniss tenta recuperar das muitas experiências que a marcaram, a pressão do Distrito 13 para que ela assuma o papel de Mimo-gaio é insuportável. Mas ficar quieta a observar os acontecimentos não é uma opção e só há uma forma de (tentar) proteger aqueles que ama: Katniss tem de ser a imagem dos rebeldes na guerra. Independentemente das suas preocupações pessoais.
Surpreendente seria uma boa palavra para descrever este livro. Surpreendente em todos os aspectos. Primeiro, pela forma como a guerra é conduzida e pelo papel de Katniss nesta guerra, como elemento essencial, mas não como único aspecto. Como rosto dos rebeldes, mas não como vencedora isolada. Como alguém ciente dos seus objectivos, mas falível, tanto pelas suas vulnerabilidades como pelas marcas que o passado deixou. Outro aspecto é a ambiguidade moral necessariamente evocada pelas forças em conflito, já que a rebelião contra o Capitólio parecem justificar comportamentos equivalentes aos que causaram essa mesma rebelião. E é esta ambiguidade parte do que define os dilemas de Katniss, a sua posição de relutante destaque numa guerra que deveria ser para melhorar o futuro - mas que, demasiadas vezes, se torna questionável.
Ainda de referir é o desenvolvimento de Katniss relativamente às suas próprias experiências pessoais. Os traumas do passado e a instabilidade mais que justificada, a necessidade de reagir e de impor uma certa medida de vontade quando todos esperam que seja apenas um instrumento e a iminência de mais perda quando as perdas passadas eram já insuportáveis. Neste livro, a autora apresenta Katniss Everdeen na força da sua determinação, mas também na sua máxima vulnerabilidade, questionando o que fez e porquê o fez, o que tem de fazer e se terá a coragem de o fazer. E este é um dos elementos que confere realismo à história.
O que me leva a um outro aspecto que, não sendo talvez o mais desejado, me parece a única opção possível: o final. A forma como a autora encerra a situação, de forma realista, sem ocultar perdas e consequências negativas, numa forma diferente (mas igualmente dura) de sobrevivência da que tinha sido apresentada nos Jogos da Fome. Uma conclusão perturbadora, emocionalmente marcante... mas a mais adequada, tendo em consideração todos os acontecimentos anteriores.
Envolvente, de leitura compulsiva, com uma poderosíssima visão dos valores e das fragilidades humanas e uma força emocional que permanece na memória bem depois de terminada a leitura, A Revolta é, para mim, a conclusão perfeita para uma trilogia com muito de bom para descobrir. Magnífico.
Oi... fizeste review dos 2 primeiros? Consegues-me dizer facilmente em q datas?
ResponderEliminarSim, fiz. Estão aqui:
ResponderEliminar18/12/2009 - Os Jogos da Fome - http://asleiturasdocorvo.blogspot.com/2009/12/os-jogos-da-fome-suzanne-collins.html
14/10/2010 - Em Chamas - http://asleiturasdocorvo.blogspot.com/2010/10/em-chamas-suzanne-collins.html
Tenho o livro há imenso tempo na prateleira, mas tinha um certo medo de lhe pegar porque tinha lido tantas opiniões negativas. Assim já fico mais descansada, eheh.
ResponderEliminarLol, devias pensar em pôr tags nos posts, tu fazes tantos updates que uma pessoa facilmente perde uma review. ~__^
Slayra, está nos planos. Até já comecei a fazer isso nalguns dos posts mais antigos, mas ainda estou a planear uma organização para a coisa. Mas vou fazer, mais cedo ou mais tarde. :)
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