domingo, 27 de novembro de 2011

O Príncipe da Neblina (Carlos Ruiz Zafón)

Quando a família de Maximilian Carver se muda para uma pequena aldeia à beira-mar, o entusiasmo não parece ser muito. A casa é sombria e está associada a uma história triste - a de um casal que, depois de muito tentar, teve um filho apenas para o perder alguns anos mais tarde. Mas há um mistério maior em toda a história e quando, entre estranhos filmes descobertos na casa, um jardim de estátuas que se move e um barco que afundou, mas de onde desapareceram os corpos dos mortos, Max, Alicia e o seu novo amigo Roland acabarão por descobrir a magia de uma forma sombria, através da figura de um mágico (ou algo mais) conhecido como Príncipe da Neblina.
Mais simples, mais curto e destinado a um público jovem, é interessante notar que, se compararmos este livro com as obras mais conhecidas do autor, os elementos essenciais continuam lá. A história é relativamente breve e é a acção o foco principal, não havendo tanta complexidade no enredo nem tanto desenvolvimento a nível de personagens. Ainda assim, mantém-se a beleza da escrita, o ambiente sombrio em que o sobrenatural e o improvável parecem ser uma parte perfeitamente normal do mundo e a força emocional dos grandes momentos.
Há, portanto, ainda que de uma forma menos desenvolvida que, por exemplo, em A Sombra do Vento, uma beleza sombria que se insinua tanto nos cenários (o jardim de estátuas e até a própria casa) como na forma como o passado volta a surgir, interferindo com a vida dos recém-chegados numa história que, apesar da sua simplicidade, parece ter ainda muito potencial por explorar. Além disso, a amizade que se cria entre os jovens contrasta com a dura crueldade de Caín, vilão que, curiosamente, é também uma das figuras mais intrigantes deste livro. Quem é, de onde veio e até onde chegam os seus poderes são apenas algumas das questões que surgem durante esta leitura e é inevitável a curiosidade que fica em encontrar algumas respostas.
Envolvente e com momentos de grande intensidade, principalmente na fase final, fica, em grande parte devido à brevidade da narrativa, a vontade de saber mais sobre algumas personagens e as circunstâncias que as rodeiam. Trata-se, ainda assim, de uma aventura interessante, com a medida certa de emoção e uma interessante aura de mistério a dar interesse ao enredo. Gostei.

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