domingo, 7 de outubro de 2012

Escravos da Paixão (Kate Pearce)

Peter Howard está habituado a relações fora do comum. Durante sete anos, foi mantido como escravo num bordel turco e foi aí que aprendeu a sobreviver, ao mesmo tempo que descobria como tirar proveito do conhecimento que adquiria nas práticas sexuais. Mas agora, de volta a Inglaterra, Peter começa a questionar a sua vida e a forma como as suas relações o completam. Ou não. O melhor amigo está prestes a ser pai e a relação entre Peter e o casal parece, agora, não dever continuar. Mas o afastamento magoa-o. E é nesse ponto complicado que James Beecham entra na sua vida, com uma proposta difícil de recusar. Incapaz de uma relação íntima com a esposa, James pede a Peter que o ajude a dar a Abigail a intimidade - e o filho - de que ela precisa. Mas talvez a relação entre eles venha a ganhar uma intensidade inesperada...
Tendo como pontos centrais o erotismo e a sensualidade, não é propriamente surpreendente a forma como a história se centra, com longas e pormenorizadas descrições, no contacto sexual entre os três protagonistas. Há uma evolução na relação que estabelecem entre eles, mas em que a atracção e o contacto físico são os motivadores, deixando, em certa medida, que o sentimento se torne um elemento secundário (pelo menos nessa relação). 
A forma de escrita da autora é envolvente, e isso aplica-se ao desenvolvimento da relação entre Peter, James e/ou Abigail, mas, principalmente, à história para lá dessa relação. E é aqui que fica a sensação de algo que poderia ter sido explorado de forma mais equilibrada. No que respeita ao contacto físico, cada situação é explorada com todo o detalhe, desde a relação mais simples ao mais elaborado dos momentos. Já no que há para lá desse contacto, quer na história de Peter com o amigo, quer na descoberta da família e na história do seu passado de escravo, há perguntas que ficam sem resposta, deixando a sensação de que mais haveria para ser dito sobre esse lado do enredo.
Há, ainda assim, bastante de interessante nessa história. A relação de Peter com Valentin, com todo o conflito a ela inerente, cria bons momentos de tensão, evocando também algo de empatia que está ausente dos momentos mais sensuais. Desperta, também, a curiosidade em ler o volume referente à história de Valentin. Além disso, é possível ver, da história da família de Peter, parte das suas dúvidas e motivações, do carácter que o define para lá do homem das relações complicadas. A necessidade sempre negada de pertencer e a forma como, ainda que de forma discreta, as suas emoções acabam por se manifestar, tornam Peter uma personagem mais completa e mais cativante que aquilo que dele é revelado nas longas descrições de natureza sexual.
Trata-se, pois, e apesar de perder um pouco pelo menor desenvolvimento da história para lá do erotismo, de uma leitura envolvente e agradável, com algumas situações particularmente bem conseguidas e um protagonista capaz de despertar empatia nos momentos importantes. Gostei, portanto.

Sem comentários:

Enviar um comentário