Assombrado por um desgosto de amor, Devin Jones, estudante universitário, aceita passar o verão a trabalhar em Joyland na esperança de esquecer Wendy e amealhar algum dinheiro com que prosseguir com seu percurso académico. Mas o parque de diversões irá alterar a sua vida de muitas e inesperadas formas. Em Joyland, vende-se diversão, mas há também um mistério por resolver e a história de um fantasma que por lá deambula - o da rapariga que foi assassinada numa das diversões. Devin dá por si intrigado pelo mistério e, enquanto se vai descobrindo a si mesmo, criando relações que se revelarão duradouras, começa também a seguir a pista do possível assassino. Mas as respostas estão mais perto do que julga... e é isso que as torna tão perigosas.
Sendo este um livro do mestre do horror, uma das coisas que surpreende é que esta não é uma história particularmente horripilante. E diga-se desde já que isto não é um defeito. Há elementos sobrenaturais, intuições, um fantasma e um criminoso à solta, o que significa que continua a ver tensão, intriga e mistério em abundância. A surpresa é que há também um lado emocional particularmente poderoso.
É, aliás, o forte contraste entre as duas facetas do enredo que torna o livro tão fascinante. De um lado, há o mundo peculiar de Joyland, com a sua linguagem própria, cheio de cor, de som, de diversão e até mesmo de ternura, particularmente nos momentos em que Devin encarna a mascote do parque. Do outro, há o fantasma, o crime por resolver, a sombra constante de algo que ficou por desvendar. E, no meio de tudo isto, há ainda espaço para a descoberta de amizades, para as perdas que, mais cedo ou mais tarde, acabam sempre por acontecer e para a inevitável tristeza da traição vinda de onde menos se espera. Devin traz o desgosto consigo e Joyland fá-lo-á crescer. Por isso, não surpreende - e é, aliás, algo de verdadeiramente notável - que, mais que uma sensação de horror, seja a vaga tristeza rasgada por belos, mas finitos, momentos, a imagem que realmente fica na memória depois de terminada a leitura.
Mas não deixa de ser um livro de Stephen King, o que significa que os enigmas, as presenças sombrias, a sensação ominosa de que algo está para acontecer e até mesmo a visão de que os verdadeiros monstros - os que realmente existem - estão dentro de nós continuam a ser aspectos bem presentes nesta leitura, o que contribui também para que o equilíbrio entre elementos novos e aspectos familiares seja tão cativante.
Stephen King é Stephen King, e este livro não desilude em nada. Intenso, marcante, emocionalmente poderoso e cheio de grandes revelações, prende desde as primeiras páginas e fica na memória bem depois do virar da última página. Misterioso e emotivo em partes iguais e complementares, um livro que não posso deixar de recomendar.
Título: Bem-vindos a Joyland
Autor: Stephen King
Origem: Aquisição pessoal
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