Ao longo dos seus trinta anos, Dolly Alderton passou por um pouco de tudo, desde as primeiras experiências de conhecer alguém via MSN aos tempos das festas loucas, onde álcool, droga e todo o tipo de excessos eram a certeza de se ser alguém interessante, passando pelo crescimento em comum com as amigas e pelos pontos de divergência entre os respectivos caminhos. Ao longo do trajecto, Dolly descobriu-se a si mesma, aprendeu umas quantas lições difíceis e encontrou uma imagem de si mesma muito diferente da rapariga das festas dos seus vinte anos. É dessas experiências - dessas memórias - que este livro é feito.
Centrado essencialmente num percurso de descoberta pessoal, ainda que com vários pontos onde é fácil sentir uma certa proximidade, este não é o tipo de livro que gere empatia imediata - a não ser que se tenha uma história semelhante à da autora. Uma vez que as memórias seguem a linha da sua própria vida, a parte inicial dedica-se, sobretudo, aos abundantes excessos, bem como a algumas obsessões pouco saudáveis, o que, de uma perspectiva mais adulta, pode parecer-se perigosamente com uma glorificação desse tipo de comportamento. Ainda assim, com o avançar das memórias e o crescimento da autora, torna-se claro que não é disso que se trata. Os excessos e os comportamentos destrutivos fizeram parte do seu próprio percurso - e das lições que se seguiram. Por isso, no fim a imagem que fica é, acima de tudo, essa: a de um crescimento.
É também quando as histórias ganham um cariz mais maduro que as grandes lições começam a ganhar forma. O crescimento da amizade com Farly, a descoberta de uma vida mais serena, até mesmo a dura lição de uma perda que, não sendo própria, se vive como pessoal - em tudo isso há algo de memorável, não só pelos acontecimentos em si, mas principalmente pelas lições que contêm. Além disso, casos como o de Florence e do casamento de Farly lembram também que a vida nem sempre é como planeamos - e que superar e adaptar são também duras, mas essenciais lições de vida.
E, claro, importa ainda falar um pouco sobre a escrita e como o tom descontraído - quase excessivamente descontraído - que tão bem se ajusta ao relato dos excessos iniciais amadurece também à medida que as histórias se tornam mais profundas. O sentido de humor, uma das principais qualidades deste livro, nunca se desvanece, mas parece encontrar um equilíbrio mais eficaz, à semelhança do que acontece à protagonista de todas estas memórias.
Não é um livro que prenda desde o início, mas é, ainda assim, um livro cheio de lições memoráveis. E, tal como os percalços da juventude de Dolly nos lembram momentos de menor responsabilidade, também o seu crescimento - a nível de amor e não só - lembra a importância de crescer para uma vida onde nada é previsível. Levam o seu tempo a desvendar, é verdade, mas as lições estão lá. E é isso, afinal, o que mais importa.
Título: Tudo o que Sei Sobre o Amor
Autora: Dolly Alderton
Origem: Recebido para crítica
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