quinta-feira, 23 de maio de 2019

Turbulent Wake (Paul E. Hardisty)

Aviso prévio: esta opinião faz parte da minha participação na blog tour do livro Turbulent Wake, daí que esteja escrita também em inglês. Para a versão portuguesa, basta andar um bocadinho mais para baixo.

Ethan Scofield’s life seems to have come to a turning point. His marriage is over and even is relationship with his daughter seems to be compromised. And now he is about to be confronted with a truth he never imagined. His father has always been distant, but now, after his death, he left him a manuscript full of stories. Stories that are actually his own. And, as Ethan starts reading about Warren, the boy who becomes an engineer, falls in love and finds himself changing without really losing his nature, life seems to obtain a new meaning. Not only his father’s life, which he never really knew. But his own – and the choices ahead.
Having recently read Reconciliation for the Dead, one of the first things that come to mind when reading this book is how close – and yet how different – it is from Claymore Straker’s story. This one is a much more introspective tale, more like an inner vision of life, and life’s mistakes. However, there are a few points in common between Warren’s path, and his journeys throughout the world, and Straker’s. Also, they both seem to be in some sort of redemption path, albeit a very different one.
Familiar, but altogether different. And also quite remarkable in its overall construction. Ethan and Warren come from different times. Life has separated them. And, yet, they seem to have so much in common. From the failed relationships to the apparent distance in their lives, they seem to have hit the very same spots that made them vulnerable and alone. And this is also part of what makes this reading memorable: none of them are perfect. Actually, there are some ideas and behaviors that are hard to understand. But this makes them more human and their paths more complex. And even that relative redemption arc… Well, redemption doesn’t always mean erasing the past. It means living with it.
But the greatest quality of all is on the writing itself. Describing beautiful and devastated scenarios, states of mind that go from an adventurous passion to the deepest inner darkness, merging two different points of view and balancing their differences and similarities with perfect precision. Providing beautiful and memorable quotes and a quite accurate analysis of the main characters’ inner lives. And, in the end, writing and story seem to achieve the perfect balance: revealing the great truths, and expressing the feelings behind them all.
A Turbulent Wake then: a quite accurate definition for life in general, and for this characters’ lives in particular. And also a quite impressive story, of hard truths, mistakes and its consequences and the ever present nostalgia of things left undone and words left unsaid. Beautifully written, perfectly balanced and with very realistic characters, a memorable read overall.


A vida de Ethan Scofield parece ter atingido um ponto de viragem. O seu casamento acabou e até a relação com a filha parece estar agora comprometida. E eis que está prestes a ser confrontado com uma verdade que nunca imaginou. O pai sempre foi uma pessoa distante, mas agora, após a sua morte, deixou-lhe um manuscrito cheio de histórias. Histórias que são, na verdade, as suas. E, à medida que Ethan começa a ler sobre Warren, o rapaz que se tornou um engenheiro, apaixonou-se e deu por si a mudar sem realmente perder a sua natureza, a vida parece adquirir um novo sentido. Não só a vida do pai, que nunca conheceu realmente. Mas a sua também - e as escolhas que tem pela frente.
Tendo lido recentemente o livro Reconciliation for the Dead, uma das primeiras coisas que vêm à cabeça ao ler este livro é quão próxima - e quão diferente - é esta história da de Claymore Straker. Trata-se de um livro muito mais introspectivo, mais como uma visão interna da vida, e dos erros cometidos durante a vida. Mas há alguns pontos em comum entre o caminho de Warren e as suas viagens pelo mundo, e os de Straker. Além disso, ambos parecem estar a percorrer uma espécie de caminho de redenção, embora muito diferente.
Familiar, mas essencialmente diferente, então. E também bastante notável na sua construção global. Ethan e Warren vêm de épocas diferentes. A vida separou-os. E, no entanto, parecem ter tanto em comum. Das relações falhadas à aparente distância nas suas vidas, que parecem ter tocado os mesmos pontos que os deixam vulneráveis e sós. E também isto faz parte do que torna a leitura memorável: nenhum dos dois é perfeito. Na verdade, há até algumas ideias e comportamentos que são difíceis de entender. Mas isto torna-os mais humanos e faz com que os seus caminhos sejam mais complexos. E até essa relativa redenção... Bem, redenção nem sempre significa apagar o passado. Significa viver com ele.
Mas a maior qualidade de todas está na escrita em si. Na descrição de cenários belos e devastados, estados de espírito que vão de uma paixão aventureira às mais profundas trevas interiores, fundindo dois pontos de vista diferentes e equilibrando com uma precisão perfeita as suas diferenças e semelhanças. Proporcionando frases belas e memoráveis e uma análise bastante precisa da vida interior dos protagonistas. E, no fim, escrita e enredo parecem atingir o equilíbrio perfeito: revelando as grandes verdades e exprimindo os sentimentos subjacentes.
Um despertar turbulento, então: uma definição bastante precisa para a vida em geral, e para as destes protagonistas em particular. E também uma história bastante impressionante, de verdades difíceis, erros e as suas consequências, e a sempre presente nostalgia das coisas deixadas por fazer e das palavras deixadas por dizer. Maravilhosamente escrito, com um equilíbrio perfeito e personagens muito realistas, uma leitura memorável, em suma.

Título: Turbulent Wake
Autor: Paul E. Hardisty
Origem: Recebido para crítica

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