William Johnson planeava viajar para a Europa nas férias, mas uma aposta com o seu grande rival em Yale fez com que esses planos mudassem. Agora, encontra-se a caminho do Oeste selvagem na companhia da equipa do professor Marsh, em busca de fósseis de dinossauros. É uma viagem cheia de perigosos, rumo a um território pouco conhecido e onde a ameaça dos índios paira como uma sombra. Mas os problemas não se cingem aos índios e às adversidades da viagem: não quando a rivalidade de Marsh com um outro paleontologista faz com que ele desconfie de tudo e todos. Johnson ver-se-á bem longe de casa, em companhia de outros que não o grupo com quem partiu e obrigado a crescer... ou a morrer no Oeste.
Dividido entre as dificuldades de uma longa e perigosa viagem e a caracterização de uma época diferente, este é um livro que, não sendo propriamente o típico western, tem tudo o que de mais cativante existe nas histórias do Oeste selvagem. E, curiosamente, estes elementos começam a manifestar-se ainda bem longe do Oeste, com a paranóia de Marsh a dar origem à primeira surpresa no que toca ao longo e sinuoso do protagonista. A partir daí, há espaço para todas as possibilidades, desde os duelos numa rua deserta (ou não tão deserta) aos ataques furiosos dos índios, passando pela paixão assolada por uma mulher que não é bem o que parece e pelas dificuldades em encontrar o caminho de regresso a casa.
Se há algo a apontar neste livro, é que talvez pudesse ter sido consideravelmente mais extenso, já que os acontecimentos, grandes momentos de acção incluídos, são descritos de forma relativamente concisa, o mesmo acontecendo com as descrições relativas à guerra e às movimentações do exército. Ainda assim, a verdade é que não falta nada de essencial e que esta relativa simplicidade consegue também fazer com que os grandes momentos tenham mais impacto. E isto pode aplicar-se às grandes descobertas ou às pequenas surpresas que vão ocorrendo ao longo da narrativa, aos momentos de vida ou morte ou aos pequenos gestos de... chamemos-lhe justiça poética.
Há ainda um outro aspecto curioso, relativamente aos fósseis e ao papel que desempenham em toda esta história. Embora nenhum deles seja realmente o protagonista, é da rivalidade entre Cope e Marsh que nascem muitos dos conflitos presentes neste livro. E, assim sendo, não deixa de ser curioso notar como, partindo de uma expedição feita em nome da ciência, a história se expande para realidades muito distintas, abrindo espaço a outro tipo de interesses e fazendo dos dinossauros os mais inofensivos dos intervenientes nesta história.
Relativamente sucinto na abordagem aos diferentes elementos da história, mas sempre cativante e sempre surpreendente, trata-se, pois, de uma leitura envolvente e agradável, com uma perspectiva bastante diferente das habituais histórias do velho Oeste. Uma boa história, em suma, e um livro que nunca deixa de surpreender.
Título: Dentes de Dragão
Autor: Michael Crichton
Origem: Recebido para crítica
Sem comentários:
Enviar um comentário