Yorick chegou finalmente à Austrália, e embora se trate apenas de uma paragem de vinte e quatro horas, não está disposto a seguir caminho até ao Japão sem antes tentar descobrir o que aconteceu à sua namorada. Mas muito pode acontecer em vinte e quatro horas, do encontro com uma jornalista metediça a uma furiosa fuga de um bando de canibais. Passando, claro, por algumas respostas - mas não todas - acerca do paradeiro de Beth. O caminho de Yorick está ainda muito longe do fim e, embora a resposta para o porquê de ser o único sobrevivente esteja agora mais perto, isso não facilitou assim tanto as coisas. Que respostas estarão ainda, pois, à sua espera?
Sétimo volume da saga do último homem na terra e, mais uma vez, quando parece que já sabemos tudo, a história volta a surpreender. Dividido entre a busca por Beth, o passado de 355 e até do próprio Ampersand, a pequena missão de Hero e as buscas e movimentações das diferentes forças interessadas em "salvar" a humanidade, o enredo e o contexto expandem-se um pouco mais a cada novo desenvolvimento, proporcionando não só umas quantas reviravoltas, mas também vários momentos memoráveis tanto a nível de acção e intriga como de humor e de emoção.
Yorick continua a ser, para todos os efeitos, a personagem principal, mas perdeu algum do seu protagonismo com a expansão gradual da história para as suas diferentes ramificações. Ao aprofundar passados, a história torna-se mais pessoal, fazendo com que as personagens cresçam em complexidade e empatia. E, embora tudo pareça encaminhar-se para a derradeira conclusão (afinal, trata-se já do sétimo volume) a sensação que fica é a de que há sempre novos desenvolvimentos a explorar, novas revelações para descobrir. E tudo isso torna a leitura viciante.
Há ainda um outro aspecto que, embora comum a todos os volumes, parece também reflectir uma certa evolução: a expressividade das personagens. A facilidade com que se lêem as emoções no rosto das personagens tem sido desde o início um dos pontos fortes desta série em termos de componente visual, mas, passados todos estes livros, há algo mais a emergir: é possível ver o crescimento das personagens nas suas expressões, ver o que passaram e o que isso fez delas. Transpor algo de tão íntimo para uma caracterização externa é algo impressionante e faz também parte do que torna esta série tão memorável.
Finda a leitura, fica a impressão do costume: a de ter vivido uma grande aventura, cheia de acção, mas também repleta de momentos marcantes, e que promete ainda novos desenvolvimentos para a parte da história que falta contar. Intenso, viciante e deliciosamente surpreendente, um livro que corresponde inteiramente às altas expectativas. Muito bom.
Autores: Brian K. Vaughan, Pia Guerra, Goran Sudzuka e José Marzán Jr.
Origem: Recebido para crítica
Sem comentários:
Enviar um comentário