sexta-feira, 28 de março de 2014

Convergente (Veronica Roth)

O sistema de facções foi derrubado, mas os que tomaram esse lugar parecem determinados a exercer a mesma autoridade opressiva. Mas a mensagem que Tris revelou a todos desperta divisões. Os sem facção, liderados por Evelyn Johnson, pretendem ficar na cidade e criar uma nova ordem, baseada na abolição e tudo o que existia antes. Por outro lado, os Leais querem repor as facções e atender ao apelo de Edith Prior, enviando para o exterior alguns dos seus. Não inteiramente convencidos pelos argumentos de nenhum dos lados, mas cientes de que têm de fazer alguma coisa, é neste grupo que partem Tobias e Tris. Mas o exterior não é nem o que imaginavam, nem o que a mensagem prometia. O que encontram são novas divisões e novos conflitos. E, mais uma vez, uma revolução é necessária. E, com ela, novas escolhas e novos sacrifícios. O caminho é, por isso, mais uma vez, de luta. Mas, enquanto as diferenças se avolumam, cresce também o amor que tudo move.
Volume final de uma série repleta de momentos intensos, Convergente é um livro feito, em muito, do surpreendente e do inesperado. Toda a percepção que Tris tinha do mundo foi sendo alterada ao longo da série e este livro vem acrescentar ainda novas revelações. Ao expandir o enredo para o exterior da cidade, a autora coloca muitos dos acontecimentos prévios sob uma nova perspectiva. Isto, aliado a toda uma sucessão de acontecimentos inesperados, traz muitas surpresas e grandes mudanças - quer no contexto, quer nas personagens.
De todas estas surpresas e do facto de haver sempre algo a acontecer, resulta um enredo que facilmente se torna viciante. Mas resulta também uma percepção gradual, fundada tanto na reflexão como na emoção, de uma mensagem mais vasta que está subjacente a todos os acontecimentos. Todo o sistema, desde a divisão em facções à separação entre os geneticamente puros e os danificados, levanta questões sobre o preconceito e o medo da diferença. E quanto ao percurso de Tris e de Tobias, e da revolução em geral, há todo um conjunto de considerações sobre a necessidade de escolher e de escolher bem, de superar, de definir lutas e sacrifícios segundo o que é verdadeiramente importante.
E é considerando tudo isto que se chega a um final que está longe de ser o que se deseja para um duo de personagens carismáticas e que tanta empatia despertaram, mas que, considerando quer a mensagem, quer as complexidades da situação, não deixa de ser o mais adequado. Além disso, e depois de uma evolução na relação que se faz tanto das divergências entre os protagonistas como daquilo que os aproxima, os acontecimentos finais culminam num crescendo de intensidade emocional que é também, em grande medida, parte do que torna memorável esta leitura.
Intenso e surpreendente, fortíssimo do ponto de vista emocional e com uma grande mensagem a emergir do enredo, Convergente encerra, pois, de forma brilhante, uma trilogia com muito de marcante e de memorável. E, assim, da melhor forma possível, cativa e comove desde o início até às derradeiras palavras.

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