segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Familiar Spirits (Cody Underwood)


Sarah Jane é uma mulher perturbada. Confinada ao quarto devido à sua condição mental, insiste na necessidade de ver o seu filho inexistente e culpa o marido pelo seu confinamento. Não parece haver solução para o seu distúrbio e, à medida que a sua raiva conta o marido cresce, a tragédia parece iminente. Mas há mais para esta pequena peça, para lá de Sarah. Décadas depois da sua existência, uma mulher aguarda o seu amado, um soldado em serviço no Vietname. E, quando uma amiga lhe oferece uma velha fita amarela, uma estranha dor toma posse do seu corpo. A única explicação parece ser a intervenção de um espírito, pois Catherine está grávida e a fita é uma ligação de Sarah com o seu bebé… e uma lembrança do passado.
Escrito como uma curta peça de teatro e, portanto, com o objectivo de ser levado ao palco, este é um livro em que o foco está no diálogo, deixando o desenvolvimento do ambiente e da personalidade dos protagonista para simples orientações à representação. Ao longo da leitura, é fácil de imaginar como seria esta peça em palco, mas o cenário e as acções das personagens – ou pelo menos o que delas não está implícito no diálogo – são descritas de forma muito abreviada. Isto deixa a impressão de que, escrito como um conto ou uma novela, com uma descrição mais completa dos lugares e do contexto, o ambiente negro e misterioso da história poderia ter tido um maior impacto.
Dito isto, a história é, ainda assim, bastante cativante. As personagens são bastante interessantes, ainda que mais pudesse ser desenvolvido sobre as suas personalidades, e a relação entre os dois lados da história é quase perfeita. Há algumas questões que ficam sem resposta, principalmente porque a peça se centra apenas nos momentos mais marcantes das histórias de Sarah e Catherine, mas não parece faltar nada de essencial. Além disso, há algo de emoção e de tristeza por entre a escuridão e o horror dominantes, o que potencia a intensidade da história e das personagens que a protagonizam.
Breve, mas interessante, a história desta peça deixa, por vezes, a impressão de que poderia ter sido desenvolvida como uma história muito maior. Ainda assim, funciona bastante bem no seu formato curto e tem todos os elementos necessários para cativar o leitor. Uma boa história, no geral, e uma leitura agradável.

Sem comentários:

Enviar um comentário