Uma criança cujo nascimento foi anunciado por um anjo surge, com capacidades invulgares, e percorre o mundo, aumentando a sua sabedoria e construindo as ligações que o tornarão pai do homem destinado a unificar a fé. Pelos seus caminhos, cruzam-se mitos e crenças dos mais variados meios, orientando um percurso que culmina num final sem respostas, mas particularmente peculiar. Esta é a história de O Anel de Basalto. E, desta história, é a estranheza que sobressai.
Para uma história tão breve, um dos aspectos que primeiro surpreende é a quantidade de elementos que são utilizados para definir o percurso dos protagonistas. E isto basta para que a leitura seja tudo menos fácil, principalmente tendo em conta que esses múltiplos elementos e considerações sobre religião, mitologia e similares são, afinal, a parte dominante da narrativa. A história perde-se sob a exposição de todos esses factores que, parecendo definir o rumo das personagens, acabam por ser o único que sobre estas é relevado. Teodósio e, depois, Paráclito são apenas figuras para o caminho que têm a percorrer, distantes, sem nada que as aproxime de quem lê.
A esta distância junta-se a forma como a narração se estende pela longa exposição dos tais elementos que os protagonistas descobrem, apresentando conhecimentos e acontecimentos sem grande sinal de emoção. O ritmo da leitura torna-se, assim, monótono, com pouco que mantenha viva a atenção do leitor, e esta é uma impressão que, sem nunca se desvanecer totalmente, apenas se atenua no último capítulo.
Prevalece, pois, principalmente, uma impressão de estranheza e a sensação de que as personagens não têm uma caracterização suficientemente clara para conquistar o leitor. Há, ainda assim, dois aspectos bastante interessantes. O primeiro é a escrita que, apesar do ritmo pausado da história, se revela fluída e surpreende por algumas das imagens que evoca. O outro é o capítulo final que, conclusão de uma história de ritmo lento e não muito intensa, culmina num final de impacto surpreendente.
Fica, assim, no fim desta leitura, a impressão de uma história que, com os muitos elementos descritivos que apresenta e a pouca caracterização das personagens enquanto figuras individuais, se pauta por um ritmo lento e uma sensação global de estranheza. Destacam-se, ainda assim, pela positiva, a fluidez da escrita e o final bem conseguido. Pena que o restante da história não consiga ser tão cativante...
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