Tudo começa com um dia normal, mas de um momento para o outro, tudo muda. Como em todos os outros dias normais, Jack foi à escola, mas o regresso fá-lo perceber que o mundo já não é o mesmo. Uma civilização alienígena acaba de estabelecer contacto, e esse foi tudo menos amigável. As exigências são claras. Ou lhes entregam milhões de crianças para os seus estudos, ou toda a humanidade será exterminada. A escolha é impossível, mas não escolher não é opção. E Jack está decidido a não ser apenas mais um no meio do caos.
Se tivesse de atribuir a este livro uma classificação numérica de zero a dez, teria de a dividir em dois aspectos: cinco pelo potencial, mas apenas dois pela concretização. E o porquê desta divisão é simples. É que, tendo em conta que este é um livro de um autor muito jovem, há, de facto, várias boas ideias nesta muito breve história, mas há também um longo caminho a percorrer.
Mas vamos por partes. Aquilo que se destaca nesta leitura são, acima de tudo, as ideias. Não é que uma invasão alienígena seja algo de particularmente novo, mas a forma como o autor aborda a situação, com ameaças e ultimatos antes da invasão e do possível extermínio, e depois, na fase final, com um toque de mistério a despertar a curiosidade para o que virá a seguir, consegue, apesar de tudo, revelar o potencial de uma boa história.
A construção da narrativa, essa, revela algumas fragilidades. A mais evidente é a pressa com que tudo é contado, com o contexto e os acontecimentos a serem resumidos em poucas linhas e os motivos e emoções deixados por explorar. Neste aspecto, a impressão que fica é a de se resumir em cinquenta páginas uma história que justificava bem umas trezentas. Tudo é demasiado rápido e, por isso, tudo é distante. Além disso, esta pressa deixa demasiadas pontas soltas por explorar.
O outro ponto fraco é a escrita, que parece ter sido ditada pelo rimo do pensamento. Há gralhas e erros ao longo do texto, erros estes que uma revisão atenta facilmente resolveria. E falta trabalho na construção frásica, já que o ritmo da narração é, quase sempre, demasiado confuso.
Fica, apesar de tudo isto, a curiosidade em saber o que se segue, e é talvez essa curiosidade o aspecto mais relevador do potencial da ideia. E, por isso, o que fica da soma de partes é a impressão de uma história que podia ser algo de muito bom - com algum trabalho.
Título: Mundo Inverso
Autor: N.V. Cardoso de Mendonça
Origem: Recebido para crítica
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