Mistérios, terrores, aventuras onde nada é o que parece. Histórias em que o sobrenatural se sobrepõe à realidade quotidiana, abrindo caminho a novas possibilidades. Assim são os contos que constituem este pequeno livro e que, cada um à sua maneira, conjugam as mais estranhas - e mais interessantes - ideias para proporcionar uma boa leitura.
O primeiro conto, Sorte ao Jogo, de Ana Luiz, fala de um esquema de jogo em que quem planeava vencer corre o risco de sair derrotado. Intrigante, cativa principalmente pela aura de mistério que, desde logo, anuncia que algo de ominoso está para acontecer, mas que se prolonga o máximo possível. Deixa algumas perguntas em aberto e, por isso, uma sensação de curiosidade insatisfeita, mas não deixa por isso de ser uma boa história.
A Pele de Penélope, de Ângelo Teodoro, fala de uma história de amor e da barreira intransponível que separa os seus protagonistas. Envolvente, primeiro pelo mistério de Penélope e depois pelas consequências da sua revelação, surpreende pela forma como desperta emoção, mesmo nos momentos em que não é difícil adivinhar o que se segue. Além disso, há uma muito agradável fluidez na escrita que parece ajustar-se na perfeição ao ritmo dos próprios acontecimentos.
Segue-se Memórias de Teddy, de João Rogaciano, história de um famoso urso de peluche, cujo percurso através da história deixou marcas indeléveis nos seus anteriores donos. Surpreendente acima de tudo pela mudança de registo, correspondente à descoberta da diferença entre o que parece ser e o que realmente é o famoso Teddy, um conto bem escrito, muitíssimo interessante na voz que confere ao protagonista, e cativante na forma como os diferentes tempos da história se conjugam.
A Casa da Rua dos Mirtilos, de Ricardo Dias, fala de uma visita a uma casa assombrada - e de tesouro que nela se esconde. Apesar de ser um conto em que se sente a brevidade, no sentido em que talvez pudesse haver mais a dizer no desenvolvimento do enredo, trata-se, ainda assim, de uma história cativante e de leitura agradável, em que o papel dos livros na história e a forma como este é descrito facilmente despertam um sorriso.
A Colina que Olha para Ti, de Rui Bastos, fala de dois entes complementares, que, apesar da sua relação complicada, não podem ser separados. Ou, pelo menos, um deles não o aceitará. Intrigante, primeiro, pelo rumo dos acontecimentos, e depois pela explicação que lhes é dada, uma leitura cativante e surpreendente, com um toque de emoção a contribuir também para tornar as coisas mais intensas.
E, por fim, Entre Estações, de Yves Robert, fala da descoberta de uma casa e do segredo do tempo no seu interior. Cativante e enigmático, surpreende também pela mensagem que nos recorda o que verdadeiramente importa. Com uma escrita envolvente, constrói grandes expectativas e corresponde-lhes em cada revelação. Ficam, é certo, algumas explicações por dar. Mas não são assim tão necessárias.
Cativante e criativa, independentemente da brevidade, trata-se, pois, de uma antologia que, através de um conjunto de contos cheios de potencial (tanto na escrita como nos enredos), abre um bom caminho para a sempre surpreendente aventura de descobrir novos autores. Muito interessante.
Título: Nos Limites do Infinito
Autores: Ana Luiz, Ângelo Teodoro, João Rogaciano, Ricardo Dias, Rui Bastos e Yves Robert
Origem: Recebido para crítica
Fico Feliz que a Editorial Divergência tenha enviado esta obra para crítica :D
ResponderEliminarFico com muito orgulho de ter feito parte deste projecto.
Parabéns pela opinião. Muito boa!
Continuação de bom trabalho e... BOAS FESTAS :)
Pela parte que me toca, obrigado :)
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