Leonor de Habsburgo (Yolanda Scheuber)

Em Talavera de la Reina, Leonor de Habsburgo vive as suas últimas horas e recorda, como uma longa sucessão de amarguras, os caminhos que a sua vida seguiu. Foi rainha de Portugal e de França, mas os interesses políticos do império afastaram-na primeiro da mãe, depois do homem amado e, por fim, da filha. E, entre conflitos, intrigas e negociações, não foram poucos os momentos em que Leonor se viu prisioneira do seu próprio estatuto.

Enquanto traçado da vida de Leonor e das complexas circunstâncias que caracterizaram a sua história e a época em que viveu, este é um livro bastante detalhado e completo. A autora percorre, com tanta atenção aos pequenos detalhes como aos grandes acontecimentos, as situações e interesses das diversas figuras da época, os principais conflitos e acordos e as revoltas e conspirações mais importantes, bem como os diferentes lugares que Leonor cruzou durante a sua vida, desde os primeiros anos até ao local onde viria a morrer. E são estas descrições, escritas de forma agradável, mas detalhada, o aspecto mais interessante do livro.

Enquanto romance histórico, contudo, falta uma caracterização mais pessoal das personagens, uma abordagem mais intensa e, nalguns momentos, emocional das diferentes circunstâncias. Ainda que tenha havido na vida de Leonor uma série de acontecimentos marcantes e mesmo de tragédias, os aspectos mais marcantes da sua história acabam por ficar para segundo plano ante o desfilar da cronologia de nascimentos, casamentos, guerras, armistícios e mortes. E é isto que faz com que, ainda que toda a história do livro seja vasta em potencial e não deixe de ser interessante, o ritmo de leitura torna-se lento e nunca chega a ser totalmente envolvente.

Um livro bastante interessante e completo, no que respeita ao conhecimento sobre a vida de Leonor de Habsburgo e a época em que viveu, mas que se aproxima mais de uma biografia que propriamente de um romance histórico. Deixa, ainda assim, uma visão bastante clara do que foi a vida desta rainha e é na clareza desse retrato que reside o grande ponto forte desta obra.